Desafio na Natureza


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Faz alguns anos que surgiu a Spartan Race©, uma prova que se compõe de uma pista de obstáculos. O primeiro evento Spartan Race© foi realizado em 2010 no Centro Catamount Outdoor em Williston, Vermont e representou a cidade de Burlington, Vermont. Aproximadamente 500 competidores tiveram de correr, rastejar, saltar, nadar e superar uma variedade de obstáculos. Todos os finalistas receberam uma medalha, e os prémios foram concedidos aos melhores atletas.

A Spartan Race© é um conjunto de provas de obstáculos com distâncias e níveis de dificuldade variáveis. A distância pode ser de 3 milhas (4,83 Km) até à distância de uma maratona, 42,195 Km. Existem vários escalões tanto para miúdos como para graúdos.

A prova inclui várias modalidades:

  • Spartan Sprint© – 4,83 Km de percurso com mais de 20 obstáculos.
  • Super Spartan© – 12,87 Km de percurso com mais de 25 obstáculos.
  • Spartan Beast© – 20,92 Km de percurso com mais de 30 obstáculos.
  • Ultra Beast© – 41,84 Km de percurso com mais de 60 obstáculos.

Tem-se verificado uma onda de criatividade e inovação na forma como se cruzam modalidades com o intuito de criar desafios para fugir à monotonia das modalidades desportivas tradicionais que a escola adotou como nucleares. A escola tem de inovar, diversificar a sua oferta para conseguir cativar um publico cada vez mais saturado e desmotivado com a tradicional EF. As escolas situadas perto de matas e outros espaços verdes podem aproveitar para dinamizar saídas de parkour na natureza. As que não têm essa possibilidade, podem instalar estações de exercício recorrendo às montagens tubulares anteriormente referidas.

corrida de obstáculos

As aulas de atletismo trabalham as corridas, os saltos e os lançamentos de forma separada. Trata-se de uma abordagem monótona, aborrecida e pouco apelativa. Quando misturamos a corrida e os saltos numa pista de obstáculos que não só desenvolve todas as capacidades condicionais e coordenativas (riqueza psicomotora) bem como apela à aventura e ao desafio, as crianças e jovens adoram e envolvem-se com entusiasmo.

corrida criancas spartan

Inspiradas no lendário treino dos soldados espartanos da Antiga Grécia, as Spartan Race exigem resistência, agilidade, reflexos e a força, tão ou mais importantes do que a velocidade. Ainda que haja muitos tipos de corridas com regras diferentes, de uma forma geral, todas são provas nas quais é necessário superar uma ampla variedade de obstáculos para chegar à meta. E não estamos a falar precisamente de saltar barreiras de atletismo. Entre os possíveis obstáculos há desde fossos de água e muros, até saltos por cima de fogueiras, trepar cordas, fazer saltos com equilíbrios, lançar dardos ou levantar grandes pesos.

  • Perspetiva Atlética: Para ficar nos primeiros lugares, é necessário treinar arduamente e ter uma capacidade idêntica à de um atleta de elite.
  • Perspetiva Lúdica e/ou Educativa: o objetivo é sempre pessoal e não se compete contra outros participantes, mas sim contra nós próprios. Cada pessoa estabelece o seu próprio objetivo que pode ser bater a sua melhor marca ou apenas chegar ao fim. E mesmo que a pessoa não consiga alcançar o objetivo, o mais importante é tentar.

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O projeto Spartan Race desenvolveu também provas para crianças tendo como objetivo desafiá-las para além de suas zonas de conforto, ensinando-lhes valiosas lições, ao mesmo tempo que as ajudam a superar obstáculos literais e pessoais, tudo isso enquanto as ajudam a forjar laços inquebrantáveis de amizade.

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Liga OCR Portugal:

O facto de não haver Spartan Race previstas este ano em Portugal não quer dizer que os fãs das provas de obstáculos não tenham alternativas. Na realidade, Portugal conta com o seu próprio circuito de corridas bastante interessantes graças à Liga OCR Portugal (OCR significa “Obstacle Course Race”, ou seja, “corridas de obstáculos”). A Associação Portuguesa de Corridas de Obstáculos, é uma associação sem fins lucrativos, composta por atletas e entusiastas da modalidade e tem como objetivo promover a modalidade OCR em Portugal – Corridas de Obstáculos – a todos os níveis, competitivo e não competitivo, trabalhando conjuntamente com atletas e organizações nacionais e internacionais para que a modalidade OCR seja reconhecida como um desporto. A Associação Portuguesa de Corridas de Obstáculos representa Portugal na Federação Europeia de Obstáculos (EOSF) e na World OCR, Federação Internacional de desportos de Obstáculos (FISO).

Um tipo de provas desenvolvidas pela OCR são as Urban Fit Race que possuem uma distância de 8 km e 20 obstáculos. A prova desportiva UF combina a corrida com transposição de obstáculos urbanos. É um conceito desportivo recente, realizado maioritariamente em zonas urbanas e que se pretende que seja simultaneamente competitivo, divertido e espetacular.

Além destas Urban Fit, a OCR também organiza as Wild Challenge, uma série de eventos semelhantes às Spartan Race Club, mas com um espírito mais colaborativo, dado que uma das suas regras de etiqueta estabelece que “ajudar os outros é mais importante do que um tempo rápido”. As provas dividem-se em três categorias: Experience (5 km, 20 obstáculos): Challenge (10 km, 35 obstáculos) e Challenge Extreme (15 km, 40 obstáculos). Os eventos Wild Challenge estão em constante alteração por isso podemos encontrar obstáculos duros, lama e água em ambientes bonitos e selvagens. Correr, rastejar, saltar, nadar e escalar são algumas das palavras de ordem dos desafios! O lema da OCR é: Livre como uma criança, selvagem como um lobo.

Quais são os valores chamados de “o pacto” das Wild Challenge:

  • #1 – O wild Challenger não é um acorrida é um desafio.
  • #2 – Ajudar os outros é mais importante que um tempo rápido.
  • #3 – Não vou desistir, não vou fazer batota.
  • #4 – Vou enfrentar os meus medos e vencê-los.
  • #5 – Não vou queixar-me, isso é para os fracos.

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Percursos de obstáculos na escola:

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Os percursos de obstáculos são sempre desafios que os alunos adoram porque os desafia a superar obstáculos de forma divertida. As Multiatividades de Ar Livre, uma das atividades de exploração da natureza do desporto escolar, normalmente apresentam várias soluções interessantes que se podem associar a este modelo anterior.

Os aparelhos de cordas e o arvorismo enquanto atividades possuem um potencial muito grande não só pelo desenvolvimento motor mas sobretudo pela relação com a natureza e os espaços abertos e/ou florestais.

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A desvantagem do arvorismo envolve equipamento oneroso (escalada), montagens bem preparadas para garantir a segurança dos alunos e muito trabalho de preparação, montagem e desmontagem dos aparelhos de cordas. Está fora de questão montar aparelhos de cordas para uma aula de EF, mas faz todo o sentido montar uma pista de aparelhos de cordas na escola que permita de forma acessível, durante um grupo de aulas, praticar o arvorismo ou outras manobras de cordas.

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BTT

Os percursos de BTT nos trilhos existentes dos espaços verdes próximos das escolas é também uma atividade de aventura na natureza que atrai muitos alunos.

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Os passeios de BTT exigem uma logística pesada e bastante tempo de planeamento e organização. Desde a GNR, PSP, Bombeiros, Autorizações do Instituto de Conservação da natureza, autorizações das Autarquias, seguros de acidentes pessoais e de responsabilidade civil, autorizações dos Encarregados de Educação e a aprovação da atividade em Conselho pedagógico. estes são só algumas das tarefas e instituições envolvidas numa atividade com estas características o que torna esta atividade um evento pontual num ano letivo. Porém, para os alunos é sempre um momento de convívio, de aventura e que fica retido na memória como uma muito boa experiência.

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Kayak

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Movimento na Natureza

Uma versão popular da condição humana sustenta que o nosso passado ancestral foi uma idade de ouro no que respeita à saúde e que o mundo moderno é um terreno fértil para as doenças relacionadas com um estilo de vida pouco saudável e infeliz. Não se trata da idealização da cultura primitiva, mas o reconhecimento consciente das suas concretizações, conquistas sólidas e inteligentes. Pelo facto da civilização repudiar o primitivo, a verdade básica, perdemos o quadro de referência relativo a uma vida saudável. O desafio desta metodologia é conciliar o “melhor de dois mundos, o contacto com a natureza e a sua sabedoria”.

Georges Hébert, oficial da marinha francesa que, na primeira metade do século XX, elaborou um conjunto de procedimentos para exercitar o corpo, o qual denominou “Método Natural“. As suas ideias centrais constituem um significativo conjunto de pressupostos sobre a educação do corpo e tocam, de maneira subtil, sensibilidades do presente. Mas, mesmo esta abordagem que preconiza uma relação física com o ambiente natural, também se centra “no valor intrínseco da natureza” a qual é vista como um ginásio natural. Porém, tem obviamente muitas vantagens quando comparada com o modelo desportivo que é realizado em espaços artificiais como pistas de atletismo, ginásios, pavilhões desportivos etc…

método natural

George Hébert escrevia:

O Método Natural é, por conseguinte, a codificação, adaptação e a gradação dos procedimentos e meios empregues pelos seres vivos no estado de natureza para adquirir o seu desenvolvimento integral. […] nenhuma cultura física dita científica, fisiológica ou outra, jamais produziu seres fisicamente superiores em beleza, saúde e força a certos habitantes naturais de todas as regiões do mundo: indígenas de todos os climas, negros da África, indígenas da Oceania etc. (Hébert, 1941a, p. 6, t. I).

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A sua obra exprime o fascínio pela potência misteriosa das populações exóticas, pois Hébert teria viajado extensivamente pelo mundo, tendo ficado impressionado com o desenvolvimento físico e as habilidades dos movimentos dos povos indígenas, africanos e de outros lugares. Nas palavras de Hébert: “Os seus corpos eram esplêndidos, flexíveis, ágeis, habilidosos, duráveis, resistentes e ainda nunca tiveram nenhum tutor em ginástica exceto pelo seu convívio com a natureza”.

A relação com a natureza:

  • Pede-nos um abandono gradual da abordagem competitiva.
  • Privilegia uma abstração progressiva do adversário, assumindo os desafios pessoais e interiores como prioritários.
  • O abandono da comparação de performances inter-individuais matizadas pelo nosso ego.
  • Privilegia uma relação natural, orgânica , saudável com a nossa natureza em ligação com o meio ambiente.
  • Edifica uma consciência ambiental de profundo respeito pela natureza como parte de nós próprios.

last-child-in-the-woodsRichard Louv no seu livro “Last Child in the Woods” introduz o conceito de Desordem de Déficit de Natureza (DDN):

  • Diminuição da utilização dos sentidos.
  • Dificuldades de atenção.
  • Maiores incidência e prevalência de doenças físicas e emocional.

O seu programa (Maryland, Smart, Green & Growing), promove uma elevação da consciência pública, sobretudo entre os pais, professores e outros, sobre a importância e valor do tempo passado na natureza pelas crianças a brincar, explorar, descobrir e aprender.


Interligado sistémico

PEGADA ECOLÓGICA


OCR Portugal LAB