A Ligação (conexão) Profunda com a Natureza (LPN) consiste em recuperar o nosso lugar dentro da teia da vida – não como seres dominantes, mas como participantes humildes dentro e diante do grande poder e generosidade da criação. A LPN é nosso direito inato como seres humanos. Não é realmente algo que pode ser adquirido ou tirado. No entanto, pode ser nutrido, fortalecido e lembrado, ou pode ser esquecido. O trabalho de nutrir a LPN visa restaurar a lembrança de conexão e inter-relação como uma espécie humana dentro da grande teia de sistemas de vida neste planeta. A LPN pede-nos uma alteração da nossa Narrativa Pessoal, ou seja, das nossas crenças limitadoras relativas ao nosso potencial latente e à nossa essência Transcendente (usando a palavra de Manuel Sérgio).
A University of Vermont é uma universidade pública de pesquisa e, desde 1862, a única universidade de concessão de terras no estado americano de Vermont. Fundada em 1791, a UVM está entre as universidades mais antigas dos Estados Unidos. Jon Young, foi pioneiro do modelo de consultoria (coaching) na área de de ligação profunda com a natureza, combinando a sabedoria antiga e moderna. A base do seu trabalho baseia-se no desenvolvimento de habilidades holísticas de seguir animais – incluindo comunicação animal – animal, e construção de processos culturais essenciais para comunidades e organizações que ajudam a construir a ligação profunda com a natureza, com o Ser e com os outros. Jon Young investiga, estuda e testa as melhores práticas que ajudam a criar uma ligação efetiva com a natureza. Esses modelos são incorporados na metodologia dos seus serviços, treino e consultoria. O impacto do modelo disseminou-se para muitas comunidades pelo mundo, forneceu a estrutura para várias centenas de programas, projetos, negócios, organizações e escolas. Recomendo a pesquisa deste modelo porque é uma mais valia para a formação dos jovens na relação entre a atividade física de exploração da natureza e a educação ambiental através da ligação profunda com a natureza (trata-se de uma holopraxia). Existem outros projetos interessantes tais como a “Manzanita School”, “Weaving Earth” e “8 shields” que facilitam a compreensão desta metodologia.
Eric Brymer e Tonia Gray (2009); “Dancing with nature…” refere que o debate contemporâneo em torno da relação do homem com o mundo natural orienta-se segundo três perspetivas:
- A primeira é orientada segundo uma perspetiva antropocêntrica que olha para a natureza como separada da humanidade. A partir desta perspetiva a natureza apresenta-se como inanimada, fornecendo os recursos, os meios e as oportunidades (local) para a ação humana (tal como acontece nos desportos em que os atletas estão concentrados no esforço e não da fruição com a natureza), um obstáculo a conquistar, ou um local de recreio para a satisfação e gozo pessoal. Uma versão extrema deste ponto de vista é a interpretação cartesianista da natureza que é observada meramente como uma máquina apenas valorizada pelo seu valor material e/ou económico.
- Para alguns escritores que se interessam na relação entre a humanidade e a natureza, o mundo natural apresenta-se no seu valor intrínseco e é visto como um local de veneração e de respeito. Nesta perspetiva é descrito como um santuário, um refúgio, um reservatório sagrado ou uma reserva natural, mas continua separado da humanidade.
- Em contraste, para outros investigadores o mundo natural está profundamente ligado à humanidade e é descrito como um parceiro íntimo ou uma extensão do Eu onde a humanidade é vista como uma parte integral de um GRANDE TODO ∞ (perspetiva holística).

Os Bosquímanos San do Kalahari são os nossos parentes ancestrais mais antigos. Eles são mestres da antiga sabedoria de conexão com a comunidade e a natureza. Eles são o primeiro povo indígena, as únicas pessoas que nunca migraram da África e a mais longa cultura de caçadores-coletores da Terra desde há 100.000 anos. Os San continuam a viver em harmonia entre si e com a natureza. Eles caçam alimentam-se, mantendo vivas as tradições e os costumes que alimentam a nossa verdadeira natureza de respeito igualitário, empatia e cuidado uns pelos outros, enquanto vivemos em sábia relação de reciprocidade com a terra. Eles incorporam a conexão entre natureza e comunidade como o mais antigo e mais humano direito inato.

A Educação Física tem muito a beneficiar com o conhecimento que este povo tem para partilhar na Ligação Profunda com a Natureza e o qual nos tem sido apresentado pela “8 shields”.
Sensibilidade Intuitiva e ligação profunda com a natureza:
A comunicadora profissional de animais, Anna Breytenback, e o mestre em seguir trilhas/rastos, Jon Young, exploram o processo de seguir o rasto de animais e a comunicação entre espécies, com a natureza e com a consciência.
A arte de Viver em Paz
A arte de viver em paz começa com investimento a nível da “ecologia da mente, das emoções e do corpo” onde os estudante desenvolve a consciência individual e aprende a viver em paz consigo mesmo através dum processo de reaprendizagem da literacia emocional. A arte de viver em paz com a sociedade e com a natureza é sobretudo um reflexo da aprendizagem da arte de viver consigo próprio. A arte de viver em paz consigo próprio depende da descoberta da nossa razão de ser e existir para além das interpretações culturais antropocentradas (questões essenciais à vida). Como afirma Manuel Sérgio, ouvir a voz do corpo significa estar atento a um ser-no-mundo, a um ser-que-sente, a um ser-que-joga, a um ser que se movimenta para transcender e transcender-se.

Roda da Paz de Pierre Weil
Tecnologia da Meditação:
A “tecnologia da meditação” da cultura Védica a qual afirma que todos os tipos de violência social e conflito possuem uma origem comum nomeadamente a tensão e o stress social advém do medo que gera hostilidade entre as fações, nações, religiões e até entre civilizações competitivas. É este stress e desordens sociais que está na origem do crime violento, guerra e terrorismo. A comunidade médica, fundamentada por centenas de estudos científicos, aceitou o facto da meditação constituir um processo que acalma esta tensão, stresse e hostilidade no indivíduo. Mais recentemente, alguns estudos demonstraram que quando um grupo grande de meditadores se junta com a intenção de beneficiar a sociedade, criam o mesmo efeito tranquilizador e calmante numa comunidade mais alargada.

Projeto de meditação de Washington reverte a tendência de crimes violentos em 23,3%. Consultar artigo
Verifica-se, como efeito da meditação projetada no grupo, um efeito de calma, redução da tensão, stresse e hostilidade a nível da consciência coletiva do grupo social alvo verificando-se um impacto positivo a nível dos indicadores de crime, conflito e terrorismo (redução). Estes resultados foram publicados no Journal of Conflict Resolution editado pela Universidade de Yale no âmbito do Projeto Internacional da Paz desenvolvido por Robert M. Oates da Universidade Maharishi.

- John S. Hagelin et al. Effects of Group Practice of the Transcendental Meditation Program on Preventing Violent Crime in Washington, DC. Results of the National Demonstration Project, June-July, 1993. Social Indicators Research, 47(2): 153-201
- Jeremy Old. The Super Radiance Effect – A proven technology for national invencibility and international peace. September 2015: PDF
- David W. Orme-Johnson. Theory and research on Conflict Resolution Through the maharishi Effect. PDF
- Robert Keith Wallace. The physiology of higher states of consciousness.PDF
- Robert M. Oates. Permanent Peace – How to Stop Terrorismo and War – Now and Forever. PDF
- David Lynch. Transforming education through the TM/Quiet Time Program. PDF
- TM®Mantras, Techniques, and related methods: PDF

A nossa capacidade de nos sentirmos ligados aos animais (a sua consciência) e comunicar com eles depende da nossa ligação profunda com a nossa essência. Este contacto com a nossa consciência (no sentido transpessoal) também nos permite promover a paz no mundo através da intenção coletiva que influencia o campo de consciência coletiva (noosfera). Estes facto possuem fundamentação científica porém, pelo facto de confrontarem as nossa crenças, criam dissonância cognitiva e resistência em nós.


Robert M. Oates. “Permanent Peace – How to Stop Terrorism and War – Now and Forever”