Considerações Iniciais


O velho paradigma da Educação Física fundamenta-se nos seguintes pressupostos:
- Paradigma Cartesiano.
- Comportamentalismo:
- Instrução Direta.
- Métodos Passivos.
- Privilegia as capacidades fundamentais do século XX: memorização, repetição, automatização de gestos (padrões motores), passividade, reprodução e imitação.
- Heteronomia.
- Avaliação Normalizada/uniformizada.
- Matérias Nucleares que se repetem ao longo dos anos.
- Vinculação total e instrumental dos objetivos e conteúdos da EF ao modelo Desportivo – Literacia Desportiva.

- Slides Power Point: clicar aqui
No ano letivo de 2017/2018 passei a fazer parte do quadro de um agrupamento de escolas que aceitou o desafio lançado pelo Ministério da Educação para desenvolver um projeto pedagógico inovador. Este agrupamento de escolas fica a 11 Km da minha área de residência e é uma das 7 escolas a nível nacional, integrada no Projeto-Piloto de Inovação Pedagógica PPIP (Despacho n.º 3721/2017, de 7 de abril, o ano letivo de 2016-2017). A sua missão passa por criar e implementar soluções alternativas, indutoras da qualidade das aprendizagens de todos os alunos e de uma taxa de retenção tendencialmente nula. O Ministério da Educação comprometeu-se em dar autonomia às escolas para reorganizarem turmas, horários, matriz curricular, programas e calendário escolar, ou seja, para romperem com a legislação que determina muitas das normas que regem as escolas e, em parte, limitam a ação dos professores. A garantia, ainda, de não impor modelos, nem metodologias de trabalho, confiando às escolas a possibilidade de criarem projetos audazes, contextualizados e únicos, consoante as necessidades dos seus alunos e os recursos disponíveis. Justificam-se, assim, ações inovadoras nos domínios pedagógico, curricular, organizacional, assentes numa lógica interna colaborativa e de articulação com a comunidade.
Palavras chave:
- Romper com a legislação (…) normas que (…) limitam a ação dos professores.
- Confiança depositada nas escolas para criar projetos audazes, contextualizados e únicos.
- Pressupõe ações inovadoras nos domínios pedagógicos, curricular e organizacional.
- Fundamenta-se numa lógica colaborativa.
- Privilegia a articulação com a comunidade.

Levantam-se as seguintes questões:
- Qual é a minha perspetiva sobre o papel da EF numa escola PPIP?
- Como é que a Educação Física se pode assumir como um projeto inovador, rompendo com a legislação/normas que limitam os professores de EF?
- Que ações inovadoras, tanto pedagógicas (científicas) como curriculares (Programa de EF) ou organizacionais, se podem implementar, para tornar a EF uma disciplina inovadora, com qualidade e que ajude os alunos a desenvolver as competências do Século XXI?
- Como é que as opções curriculares na disciplina de EF podem refletir os interesses e personalidades dos estudantes, a cultura da escola e os recursos da comunidade?
- Como facilita aos alunos oportunidades para praticar a sua expressão pessoal, deixando emergir a singularidade do seu sentir, da sua interioridade, para o seu equilíbrio emocional?
- Se as crianças aprendem muitas lições com valor nos jogos informais (jogar e brincar), que não aprendem no desporto organizado, porque não lhes permitimos espaço, tempo e recursos para organizarem as suas próprias atividades, resolvendo os seus próprios problemas (Game Designer em EF)?
- O currículo ativo inerente ao PPIP permite, ao grupo disciplinar, muita liberdade de decisão na escola. Como é que os professores de EF podem utilizar esta vantagem para aumentar a relevância e o papel formativo da EF na escola?
Finalidades da Educação Física:
Novas Regras do Jogo

Podemos comparar os grandes axiomas que determinam a organização desta disciplina como um jogo. As regras são determinadas pelo Programa Nacional de Educação Física que define o objetivo e como se pode ganhar. Este jogo gira em torno da Literacia Desportiva e um aluno ganha quando consegue chegar no final das várias etapas do jogo (final de ciclo) e dominar várias competências motoras técnicas e táticas desportivas (matérias nucleares) e garantir que está na zona saudável da sua aptidão física.

Uma alteração de paradigma pressupõe o abandono de um ensino da EF centrado nas matérias e uma orientação em função das estratégias. O Aluno não precisa dominar técnicas desportivas, mas sim estratégias.

Os alunos precisam aprender:
- Estabelecer os seus objetivos,
- Escolher os seus métodos de treino,
- Selecionar as suas atividades físicas (jogos) e respetivos exercícios de forma autónoma e criativa.
- Regular os processos e auto avaliar-se.

- O que é um Plano Individual de Trabalho?
- Quais as suas potencialidades?
- Em Educação Física atribuo ao PIT a designação de PT ou PTEF (Personal Training em EF)
Plano Individual de Trabalho (PIT): estudo autónomo – pode ser entendido como uma estratégia de organização e gestão da sala de aula e de diferenciação pedagógica que permite promover a autonomia dos alunos. Isto é, o Plano Individual de Trabalho permite que os alunos possam ser implicados no seu processo de aprendizagem e assim participar no processo de tomada de decisões, relativamente às aprendizagens a serem realizadas, desenvolvendo competências de aprender a aprender e de gestão do tempo. Assim, e, de acordo com revisão de literatura, o Plano Individual de Trabalho pode ser caracterizado como um compromisso assumido entre o professor e os alunos relativamente ao trabalho a desenvolver pelo aluno no seu tempo de trabalho autónomo previsto no horário semanal da turma. Ou seja, o Plano Individual de Trabalho pode ser designado como um guia semanal do percurso dos alunos que orienta o trabalho dos mesmos. No caso da Educação Física, o PIT assume a designação de PTEF ou Personal Training na EF, o qual pressupõe que o aluno construa o seu plano de treino individualizado e o aplique nas aulas avaliando o seu progresso.
Ensino das estratégias:
Os estudiosos da autorregulação têm escolhido a aprendizagem em contexto escolar como um dos seus principais campos de aplicação, porque cada vez mais se considera importante estimular e desenvolver no estudante as competências que lhe permitem desempenhar um papel ativo e construtivo nos processos e produtos da aprendizagem. O foco da atenção tem estado centrado nas capacidades dos estudantes para regular a sua própria aprendizagem e nas competências dos professores para criar ambientes de aprendizagem, favoráveis ao desenvolvimento dos processos de autorregulação, nos seus alunos. Os estudantes devem ser ensinados a compreender e utilizar os recursos pessoais que lhes permitem refletir sobre as suas ações, exercer um maior controlo sobre os seus próprios processos de aprendizagem e reforçar as suas competências para aprender; os professores, por sua vez, devem saber estimular nos seus alunos uma utilização mais competente, eficaz e motivada dos processos de aprendizagem e dos meios tecnológicos e culturais a que podem ter acesso.
Os estudos têm demonstrado que os estudantes que fazem apelo aos processos de autorregulação são mentalmente ativos durante a aprendizagem, exercem um controlo sobre os processos cognitivos, metacognitivos e motivacionais, conducentes à aquisição, organização e transformação da informação e conseguem conferir um significado pessoal ao ato de aprender.
Fases e processos de autorregulação:
- Fase de antecipação e preparação: elaboração de um plano estratégico (ex: selecionar e organizar estratégias e métodos de estudo).
- Fase de execução e controlo: os alunos põem em ação os processos ou estratégias que acompanham a concretização do plano delineado anteriormente e que ajudam a dirigir a ação.
- Fase de autorreflexão e autorreação: o processo de autoavaliação dos resultados alcançados e da eficácia percebida supõem a comparação dos comportamentos com um padrão autoimposto ou com uma autorrepresentação de valores, os quais servem de critério para a apreciação da atividade em curso, e consequente apelo a sentimentos de eficácia ou a estratégias de verificação e correção.
A metodologia de trabalho de projeto é uma forma de organização do trabalho e pesquisa dos alunos que desenvolve os valores: responsabilidade, autonomia e cooperação (ser solidário, colaborar respeitando os outros).
Roberto Carneiro defende que a escola deve ter total liberdade para criar e que se deve descentralizar a regulação, o controlo e a avaliação para as escolas (chama este processo de Modelo Derrogatório). Da mesma forma que o Ministério tem de derrogar nas escolas o poder para definir os seus currículos, também o Professor tem de derrogar a responsabilidade no aluno para que este crie o seu próprio currículo em função dos seus objetivos pessoais e do perfil de aluno.
Contributo da Educação Física para o Perfil do aluno:

Liberdade para Criar!
O projeto de investigação europeu INCLUD-ED (Relatório Includ-ED: PDF) identificou e analisou as Ações Educativas de Sucesso como as práticas pedagógicas que efetivamente aumentam o desempenho académico e melhoram a convivência e as atitudes solidárias em todas as escolas observadas.
- Quais são essas Ações Educativas de Êxito, que devem fazer parte das Comunidades de Aprendizagem?
- Como adaptar estas ações educativas de sucesso à disciplina de Educação Física?
A escola deve ter total liberdade para criar e levar por diante o modelo educativo que a comunidade quiser, sujeitando-se a uma avaliação anual, realizada pelo Estado, que ditará as medidas a tomar para corrigir o rumo quando necessário. Estou a falar essencialmente dos ensinos básico e secundário (…). O modelo que eu advogo é um modelo de desmassificação e desmonopolização da gestão; de descentralização com regulação, controlo e avaliação; e de diferenciação com noção de serviço público (Roberto Carneiro, 2001).
O modelo que eu veria mais adequado é o modelo derrogatório, comunidade a comunidade: se uma determinada comunidade quer, tem condições, e apresenta um plano válido para concretizar essa vontade, deve ser-lhe entregue a escola, derrogando um conjunto de decretos e despachos que a submetam à disciplina única do Estado.
- Vamos dar-lhe, por exemplo, três anos para funcionar e, passado esse período, vamos avaliar o que foi feito. Funcionou bem?
- Ao fim de três anos ampliamos a derrogação. Vamos dando autonomia progressiva, em geometria variável, no limite, escola a escola, de acordo com a apetência, a maturidade, a vontade, o desenvolvimento de cada comunidade.
- A escola pode ser não apenas um objeto de pedagogia cívica, mas um sujeito da criação de civismo e de capital social à sua volta. Que outro tema poderá mobilizar mais os pais e as comunidades do que a sua escola? Não me lembro de nenhum. A escola representa, de facto, para as comunidades, e em particular, para os pais, o centro de esperança e um fulcro de criação de futuro” (Roberto Carneiro, 2001).
“Há anos que os responsáveis pela Educação falam dessa devolução da escola à comunidade. Mas será que o Estado consegue abrir mão de um sistema que é tão importante para o controlo da sociedade? Ou o Estado o faz, ou morre de arteriosclerose múltipla. Não é possível manter uma obesidade patológica e, ao mesmo tempo, pretender melhorar os seus níveis de desempenho com agilidade.” Temos que descongelar as pedagogias (Ler o documento de Helena Kovacs e Luís Tinoca: PDF)

Ações Educativas de Sucesso
Inteligências Múltiplas em Educação Física:









Novo Paradigma da Educação Física!
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Os documentos anteriores ainda estão em fase de revisão porém, dada a importância de partilhar o seu conteúdo, publico esta versão beta a qual poderá ainda evoluir e amadurecer. Mas para já reflete a minha opinião relativamente à revisão curricular que defendo, a EF nas escolas PIPP e Comunidades de Aprendizagem e o novo modelo de avaliação!…

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Escola Feliz & Economia da Felicidade: PDF
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DinergicFIT – Prescrição avançada do exercício físico: PDF
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Educação com corpo e corpo com educação: PDF
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O Mito do Professor Eficaz – Modelo SCARF na Educação Física: PDF
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ErgoFIT – Promoção da Saúde na Empresa: PDF (estratégias: PDF)
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Novo Paradigma da Educação Física: PDF (Resumido: PDF)
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Parâmetros de Qualidade na Organização de Ginásios (Tese Mestrado): PDF
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Projeto que Garantiu o 1º Lugar ao Agrupamento de Escolas Fernando Casimiro pereira da Silva de Rio Maior no Prémio Valor.Pneu: PDF
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Proposta de Projeto de Educação Física para o AEFCPS: PDF










