Laboratório de Inovação Pedagógica em EF:
A Educação Física moderna nasceu num clima intelectual onde predominava o velho empirismo inglês e, anos mais tarde, o positivismo. (…) A Educação Física preiteava também, a seu modo, o anátomo-fisiologismo ambiente, o paradigma cartesiano afinal. A própria conceção anglo-saxónica de EF assumia, nos séculos XVIII e XIX, as características do paradigma cartesiano (…) Descartes introduziu a rigorosa separação de mente e corpo, a par da ideia de que o corpo é uma máquina que pode ser completamente entendida, em termos de organização e do funcionamento das suas peças. Uma pessoa saudável seria como um relógio bem construído e em perfeita condições mecânicas; uma pessoa doente, um relógio cujas peças não estão a funcionar propriamente (Manuel Sérgio, “Motricidade Humana, uma nova Ciência do Homem”).
Laboratório de Inovação na Área do Fitness.
A área do fitness (Empresas de Ginásios), porque precisa atrair os seus clientes tem que, permanentemente recriar a forma de abordar a atividade física, tornando-se apelativa e procurando ir ao encontro das motivações dos mesmos. A sua sobrevivência depende exatamente da sua criatividade, da sua constante adaptação a um mercado em constante mutação que procura formas diferentes e atuais de cuidar do corpo. A Educação Física, pelo contrário, cristalizou e pelo facto dos seus clientes estarem garantidos por lei (obrigatoriedade de frequentar o ensino até ao 12.º ano), acomodou-se nos seus modos anacrónicos e rotineiros de abordar o corpo. Porém, as dificuldades com que se confronta exige aos professores de educação física novas e criativas abordagens e soluções.
O Despacho n.º 5373/2011 resulta do n.º 2 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 271/2009, de 1 de Outubro,prevê como área especifica de formação, a “Unidade Mente-Corpo (UMC)” e como área de inovação as “áreas das novas tecnologias, meios e materiais (NTMM)”, para que os Diretores Técnicos e os profissionais responsáveis pela orientação e condução do exercício de atividades físicas e desportivas (PROCEAFD) possam renovar a sua certificação. Ora, as CAM enquadram-se perfeitamente na dimensão da UMC e NTMM, prevista neste Despacho.
Para efeitos do presente despacho, são consideradas as ações de formação que se enquadrem nas seguintes áreas de formação:
- Área Geral:
- Atividade física, exercício e desporto;
- Exercício, nutrição e saúde;
- Gestão e direito do desporto;
- Treino desportivo;
- Desportos de aventura e natureza;
- Educação física.
- Área Específica:
- Sala de exercício;
- Aulas de grupo;
- Actividades de meio aquático;
- Actividades body and mind – (As atividades Body and Mind PDF carecem de uma abordagem holística e abertura científica interdisciplinar e abrangente).
- Exercício para populações especiais.
- Área de Inovação:
- Outras áreas de formação com relevância para a área profissional, nomeadamente as áreas das novas tecnologias, meios e materiais. – (Proponho a Bioeletrografia; Mecanobiologia; Teoria das Super-Ondas; Cardioneuroimunologia; etc…)
Medicina Alternativa em Complementar
A Unidade Mente-Corpo ou Atividades Body and Mind bem como as áreas da Novas Tecnologias enquadram-se nas Medicinas Alternativas e Complementares.
No ano 2005 foi publicado no Jornal do Colégio Americano de Cardiologia um relatório da Fundação Americana de Cardiologia um documento que traduz o consenso da Task Force (TF – grupo de trabalho), sobe a integração da medicina complementar (CAM – Complementary and Alternative Medicine), na medicina cardiovascular. Ou seja, existe uma clara abertura científica para a validade das abordagens consideradas alternativas, que só o são, porque assim são designadas. Ou seja, está-se claramente a quebrar mais um tabu científico e a dar um passo significativo no sentido da unificação de abordagens. A Task Force do ACCF (American College of Cardiology Foundation), forneceu a sua perspetiva no CECD (Clinical Expert Consensus Documents), sobre o atual estado das terapias complementares, alternativas e integrativas, sobretudo aquelas relacionadas com as doenças cardiovasculares (DCV). Na opinião desta TF, os tópicos escolhidos para serem abordados pelo CECD carecem, na sua opinião, de mais investigação de base tecnológica ou clínica a qual ainda não está suficientemente bem desenvolvida para ser avaliada pelos processos formais do American College of Cardiology/American Heart Association (ACC/AHA), para se constituírem como linhas orientadoras (guidelines). Este tópico está a ser sujeito a considerável investigação. Esta TF sobre o CECD reconhece que existe um debate considerável relacionado com a utilidade clínica das práticas da medicina alternativa que pela sua natureza, diferem bastante no seu suporte científico.
O objetivo do CECD pretende colocar esta área emergente de tratamentos CAM e a respetiva investigação para facilitar aos médicos a possibilidade de prestar melhores cuidados de saúde aos seus pacientes de forma significativa e segura. O documento CECD está relacionado com os mais recentes avanços e utilização da CAM e terapias no domínio da prática da medicina tradicional cardiovascular. No ano 2000, cerca de 50% de todos os americanos procuraram ajuda nos cuidados de saúde das medicinas alternativas. Isto representou mais de 600 milhões de visitas. Foram gastos aproximadamente 30 milhões de milhões de dólares ($3012) no ano 2001 nos EUA. (…) Como resposta a um enorme envolvimento da CAM, foram criadas nas instalações médicas tradicionais, centros de investigação especializados em CAM para equacionar e determinar os potenciais benefícios e integrá-los, nos cuidados de saúde de rotina e na gestão dos estilos de vida dos pacientes. Ou seja, quando a pressão económica da procura se fez sentir, a medicina tradicional viu-se obrigada a quebrar o seu tabu e a resistência que tem feito ao avanço científico, porque na verdade, as CAM acarretam na verdade uma profunda revolução no paradigma das ciências médicas e do desporto, aliando-se ao processo natural e inevitável de evolução científico.
Ou seja, os Ginásios, Academias, Clubes de Saúde, Associações Desportivas, a Educação Física Escolar em colaboração com os Programas de Promoção da Saúde na Escola, têm aqui uma excelente oportunidade considerando os vários níveis de intervenção. Porém, a qualidade da intervenção carece de uma abordagem holística e para tal é importante estabelecer parcerias e partilha de informação científica com as várias áreas da MCA (Medicina Complementar e Alternativa):
-
John H. K. Vogel et al. (2005); “Integrating Complementary Medicine Into Cardiovascular Medicine – A Report of the American College of cardiology Foundation Task Force on Clinical Expert Consensus Documents”; Journal of the American College of cardiology; Vol. 46; n.º 1; 2005; pp. 184-221: PDF
-
Bruce D. Curtis and J. J. Hurtak (2004); “Consciousness and Quantum Information Processing: Uncovering the Foundation for a medicine of Light”; The Journal of Alternative and Complementary Medicine; Vol. 10, n.º 1pp. 27-39: PDF
Nos dias 19 a 24 de Outubro do ano de 2003 realizou-se no palácio da Cultura em Bolonha Itália, o 43º Congresso Nacional da Associação Italiana de Psiquiatria cujo objetivo foi emitir um consenso sobre as CAM (Complementary and Alternative Medicine). Este consenso foi publicado no formato de relatório pelo Journal and Oxford University Press no ano de 2005. Este esforço conjunto retrata bem mais um passo no sentido de se quebrar com este tabu e o reconhecimento da importância científica e do avanço qualitativo que esta integração pode trazer para a saúde pública em geral. Aliás, não faz mais sentido no século XXI continuar a adotar um aposição conservadora e anacrónica relativamente à CAM.
BIBLIOGRAFIA:
-
Len Wisneski and Lucy Anderson (2005); “The Scientific basis of Integrative Medicine”; Ae CAM 2005; Vol. 2; Issue 2; pp. 257-259: PDF
- Ka wai Fan (2005); “The Complementary and Alternative medicine Information Source Book”; eCAM 2005; Vol. 2; Issue 2; pp. 261-262: PDF
- Paolo Roberti (2005); “43rd national Congress of the Italian Pychiatric Association – Concensus Conference: Non-Conventional Medicines”; Vol. 2; Issue 2; pp. 233-235: PDF
-
Babar T. Shaikh and Juanita Hatcher (2005); “Complementary and Alternative Medicine in Pakistan: Prospects and Limitations”; eCAM 2005; Vol. 2; Issue 2; pp. 139-142: PDF
-
National Center for Complementary and Alternative Medicine (2011-2015); “Exploring the Science of Complementary and Alternative Medicine”; 3rd strategic Plan: PDF
- National Center for Complementary and Alternative Medicine (2007); “The Use of Complementary and Alternative Medicine in the United States”: PDF
- The Regulatory Status of Complementary and Alternative Medicine for Medical Doctors in Europe“: PDF
-
CAM 2020; “The Contribution of Complementary and Alternative Medicine to sustainable Healthcare in Europe”: PDF
-
Michael Power and Kevork Hopayian; “Exposing the evidence gap for complementary and alternative medicine to be integrated into science-based medicine”: PDF
O corpo de investigação é tão vasto, exaustivo, estruturado e fundamentado que só quem não quer é que não compreende a sua pertinência e validade, como é o caso do “parecer da Ordem dos Médicos sobre os projetos de diplomas reguladores do exercício das medicinas não convencionais apresentado à comissão parlamentar de saúde” em Portugal, extremamente negativo, revelando inflexibilidade, dogmatismo, preconceito e falta de abertura científica.
As ciências do desporto, de forma a serem acreditadas no contexto científico, dependem das diretivas e orientações de entidades internacionais idóneas como o ACSM (Colégio Americano de medicina Desportiva), a AHA (Associação Americana do Coração), entre outros organismos internacionais de renome científico. Caso estas instituições manifestem abertura à inclusão de novas formas e modelos de investigação relacionados com as CAM (Medicinas Alternativas e Complementares), deixa de fazer sentido a posição da ordem dos médicos em Portugal e a não inclusão desta área de investigação tal como acontece na Rússia. De forma análoga também é vantajoso que as Ciências do Desporto e do Exercício e Saúde quebrem igualmente com este tabu.
Anatomia Emocional
O estudo da unidade mente-corpo leva-nos ao encontro da anatomia emocional e esta manifesta-se através da realidade bioquímica. Para estudarmos o corpo temos que compreender que este não é um tratado de anatomia mas um sistema complexo multidimensional, onde os pensamentos e emoções fazem parte desta linguagem fisiológica.
Candace Pert (1999) no seu livro “Molecules of Emotion”, chega a uma conclusão muito interessante relativamente ao mesmo assunto, com base nas suas investigações. Quando se questiona sobre o fato das emoções terem origem no cérebro (Walter Cannon, Fisiologista experimental que escreveu o livro “Wisdom of the Body”) ou no corpo (William James, professor da Universidade de Harvard), Candace Pert, baseando-se na teoria dos peptídeos e outros ligandos a nível da bioquímica das emoções, é peremptória em afirmar que “é simultâneo”, “é uma via de duas direcções”. A grande questão permanecia, “de que forma as emoções transformam o corpo, quer criando a doença ou curando-a, mantendo a saúde ou minando-a?”. Toda e qualquer alteração do estado fisiológico é acompanhada por uma alteração apropriada no estado mental e emocional, consciente ou inconsciente e inversamente, toda e qualquer alteração no estado mental e emocional, consciente ou inconsciente, é acompanhada pela alteração apropriada no estado fisiológico.
O Músculo:
O músculo da Anatomia Emocional:
O tónus muscular, overbound e underbound requer uma análise e abordagem da motilidade inerente ao processo de recuperação pelo trabalho muscular. Uma importante função dos músculos é “manifestar tónus” que mantêm os limites ou continentes internos. Um músculo normal, ou contido é elástico, capaz de expansão ou contração plena. O músculo é firme, suave, com flexibilidade e elasticidade.
Cada um destes estados, no seu modo próprio, afetam a ação bombeadora do músculo. Os músculos rígidos têm dificuldade para se contrair e músculos densos para se expandir. O organismo acaba por se tornar inflexível. Os músculos inchados ou em colapso não conseguem prover os limites que ajudam a gerar pressão ou a mantê-la. O organismo extravasa ou entra em colapso.
O organismo é uma série de tubos interligados:
- Um tubo nutritivo,
- Circundado por um tubo muscular,
- Encaixado num tubo neural.
Um padrão contínuo de stresse que distorça qualquer um destes tubos, repercute-se em todos os restantes.
MÚSCULO NORMAL:
- Um músculo normal, ou contido, é elástico, capaz de expansão ou contração plenas. O músculo é firme, suave, com flexibilidade e elasticidade.
MÚSCULO OVERBOUND:
- Um músculo rígido encurta, espástico, estreito, apertado, fibroso, cheio de nós. Quando os músculos se super-expandem, a contração normal é afetada. os músculos enrijecem como um cabo de aço estendido e tornam-se incapazes de se comprimir como cordas usadas de um navio. Ambos os estados, rígido ou densos apresentam dois estados de hipertrofia, de uso excessivo, uma condição crónica (Vigorexia).
MÚSCULO UNDERBOUND:
- Criam pouca resistência. Quando essa função de limite enfraquece, os conteúdos incham ou extravasam. Os músculos inchados contêm muita água. Eles parecem intumescidos, como se estivessem cheios de líquido, gordura, ar. Há pressão interna, mas como falta o tónus aos músculos, ele encontra pouca resistência o que distorce a contração normal.
- Os músculos frágeis ou em colapso perdem os seus fluidos, secam e tornam-se estreitos, esponjosos, pequenos e duros, faltando-lhes substância manifestando fraqueza e atrofia. Ambos os estados manifestam hipoplasia e hipotrofia que se reflete num desenvolvimento incompleto dos tecidos que possuem uma função prejudicada.
Wilhem Reich, situa a musculatura estriada toda a dimensão do psiquismo, e caracteriza-a como sede de espasmos e de rigidez, a que chamou a “armadura muscular”.
Toda a aprendizagem tem uma base somática ou psicomotora.
As substâncias informativas, sejam os neurotransmissores, hormonas ou neuropeptídeos transportam a informação por e para todo o corpo. Pensava-se que quando algo acontecia no corpo, ocorria uma reacção na mente. Foi por essa razão que designaram estas substâncias por neuropeptídeos, “neuro” que significa “dentro da mente”. Então a mente criaria estes químicos que seriam segregados hierarquicamente através de todo o corpo, e essa seria a forma como o corpo identificava o que precisava, segundo as anteriores teorias. O que Candace Pert descobriu, através da observação e análise do sistema imunitário, foi que quando estes neuroquímicos, estas substâncias informacionais (neuropeptídeos), eram segregados pelo cérebro, eram também segregados em simultâneo pelas células imunitárias. O que ela descobriu foi que a secreção destas substâncias informacionais, ou por outras palavras, a “materialização” destas substâncias informacionais, sucedia em resposta a um sentimento, pensamento, uma intenção, uma emoção ou crença. Assim, quando sentimos algo ou temos um pensamento, um mensageiro químico apropriado “surge a partir da invisibilidade, materializando-se”, exprimindo-se através do corpo em relação ao teor desse sentimento. Costumava-se pensar que tal sucedia de forma hierárquica. Existem cerca de 60 diferentes neuropeptídeos, estando cada um associado a diferentes estados mentais e emocionais. O que foi recentemente descoberto é que estes neuropeptídeos são fabricados por todas as células do corpo no mesmo instante que desenvolvemos um sentimento. Assim, a mente escapou-se essencialmente do cérebro.
ENTÃO, ONDE ESTÁ A MENTE?
As mais recente descobertas no campo da ciência da consciência têm provado que “A mente já não se encontra na cabeça tal como suponhamos. O que se sabe agora é que a mente existe através de todo o corpo, e a forma como o corpo trabalha está directamente relacionada ao nosso estado de consciência”.
Não está na cabeça, não está no corpo. Então, onde está o corpo? O corpo está dentro da cabeça. Não é o corpo que cria a mente tal como costumávamos supor?! É um campo mental de energia, uma área não-localizada de inteligência que cria aquilo que parece ser uma entidade física. Trata-se de uma grande mudança de paradigma.
Tratam-se das bases que fundamentam aquilo que se designa por “unidade corpo-mente”. Não podem mais ser entendidas como entidades separadas, são ambas a mesma coisa. Esta fundamentação científica remete-nos para uma nova visão dos processos educativos os quais, através dos pressupostos do “treino mental-cognitivo” apenas centrado sobre as estruturas cerebrais, como se estas representassem hierarquicamente o centro da mente e do processamento de todo o corpo. A aprendizagem ocorre em todo o corpo em simultâneo através da articulação simultânea de pensamentos, sentimentos, emoções, sensações físicas e percepções sensoriais intrínsecas e extrínsecas.
As bases neuronais da linguagem estão interligadas com outros aspetos da cognição, controlo motor e emoções, Philip Lieberman (2000). Ou seja, as estruturas corporais centrais (SNC) e periféricas (Redes cognitivas), envolvidas nos processos cognitivos|emocionais, utilizam as mesmas vias fisiológicas dos processos motores. Francisco J. Varela cit. Gay Watson, Stephen Batchelor, Guy Claxton (2000), “Psychology of Awakening”, menciona também que a “mente não está na cabeça”, refere o conceito de “mente corporizada”, “a cognição está encorporizada”. Por outras palavras, “o mundo lá fora, e aquilo que faço para me encontrar no mundo, não pode ser separado”; “a mente não pode ser separada de todo o organismo”; “tendemos a pensar que a mente reside no cérebro, mas na verdade o seu ambiente também inclui o resto do organismo porque está intimamente ligado aos músculos, sistema esquelético, o sistema imunitário, sistema endócrino, sistema hormonal e assim sucessivamente”. Ou seja, um estado meditativo de mindfulness trabalha os mesmos aspetos fisiológicos que o exercício físico com exceção do tipo de solicitação metabólica.
“O corpo é a nossa mente subconsciente”
Candace Pert (1999), “Molecules of Emotion”
Nasce um novo modelo conceptual e axiológico que considera a unidade corpo-mente como uma única entidade e não como duas realidades distintas e separadas, ou uma dualidade. Desta forma, a prescrição do exercício físico é estruturada em função desta unidade.
A percepção da mente subconsciente está por baixo do nível da consciência desperta. Assim, de que forma poderemos comunicar com a mente subconsciente?
Cinesiologia Aplicada
Uma das formas é através do “teste muscular” que se aplica a nível da cinesiologia, fundamentalmente utilizado por quiropráticos com o intuito de descobrir os desequilíbrios no sistema energético humano. Contudo, o teste muscular é também uma forma muito eficaz de se comunicar com a mente subconsciente para se descobrir quais as crenças que nos sabotam. A mente subconsciente controla o sistema nervoso autónomo que é responsável pelas funções físicas e neurológicas automáticas. Por exemplo, o corpo move-se porque a mente subconsciente controla um complexo conjunto de sinais eléctricos accionando os músculos correctos levando-os a executar a acção adequada no tempo adequado. Uma das teorias que explica o funcionamento do teste muscular refere que os sinais eléctricos são significativamente afectados pelos pensamentos da mente. Quando a mente desenvolve um pensamento stressante, gera-se um conflito eléctrico no cérebro e a força do sinal enviada para o corpo fica reduzida, resultando numa resposta muscular enfraquecida. O mesmo acontece quando uma pessoa faz uma afirmação com a qual a mente subconsciente discorda. O conflito entre a mente consciente e subconsciente resulta numa resposta enfraquecida nos músculos do corpo. Este princípio é semelhante à forma como o polígrafo (detector de mentiras) funciona ao detectar as alterações fisiológicas resultantes dos processos mentais. Consequentemente, o “teste muscular” pode ser utilizado para se determinar que tipos de pensamentos são stressantes para o corpo, bem como quais as ideias (crenças) que são apoiadas ou não a um nível subconsciente, Robert M. Williams (2004). Em 1999, foi publicado um estudo no jornal científico “Perceptual and Motor Skills”. O estudo intitulava-se “Muscle Test Comparisons of congruent and Incongruent Self-Referential Statements” PDF. Concluiu-se do estudo que “foram encontradas diferenças totais entre respostas de teste muscular a estímulos semânticos congruentes e incongruentes. Os resultados do estudo sugerem que o teste muscular responde à congruência de afirmações auto-referenciais”. Simplificando, notou-se claramente que existem diferenças significativas entre as respostas musculares daqueles indivíduos quando proferem afirmações verdadeiras versus afirmações falsas. As respostas foram medidas através de um dinamómetro computorizado para se assegurar a precisão.
O TESTE MUSCULAR MANUAL da área cinesiológica é um procedimento utilizado pela PE (Psicologia Energética), que avalia as funções corporais acedendo à mente subconsciente. O teste é realizado num músculo isolado como o deltóide, um músculo grande e forte situado na zona do ombro.
Peço ao paciente para elevar o braço até uma posição de abdução de 90º com uma flexão do cotovelo de 90º. O paciente faz força com o seu braço na direcção da abdução com tanta força quanto possível contra a pressão efectuada pelo terapeuta. Esta pressão é aplicada contra a mão que repousa sobre a porção distal do úmero e na zona proximal do ante-braço. O Terapeuta coloca-se por detrás do paciente.
George Goodheart, “Applied Kinesiology” – O método Psych-K© utiliza o braço como interface para este processo.
Mecanobiologia
Donald E. Ingber, um biólogo celular é professor de bioengenharia da escola de Harvard de Engenharia e Ciências Aplicadas, foi o “pai” do campo emergente da biologia de inspiração na engenharia, a “mecanobiologia”. O seu trabalho pioneiro relaciona-se com a arquitetura de integridade tensional (tensegrity) a qual é o modelo principal que governa a forma como as moléculas se organizam dentro das células vivas e a forma como estas se integram dentro dos tecidos e órgãos.
Ingberg ajudou a criar os campos da:
- Mecanobiologia
- Engenharia Tecidular
- Nanobiotecnologia
- Biomimética
Este corpo de conhecimentos pode também facilitar uma profunda transformação na forma como entendemos e prescrevemos o exercício físico para a saúde porque, ao conciliar a teoria das super-ondas com a possibilidade de podermos programar a “distorção física” das células que por sua vez programam o comportamento celular. Ou seja, o tipo de exercício físico e a forma como é desempenhado, o tipo de pensamentos e emoções (como veremos), mais do que promover apenas um balanço energético negativo, podem programar as células e todo o sistema promovendo uma inversão de quase todas, senão todas as doenças correntes. A área da mecanobiologia valida cientificamente áreas como a psicomotricidade, e as restantes referidas no quadro da cinantropologia que até agora são vistas como a-científicas por falta de evidencias que comprovassem esta ligação entre mente-corpo de forma tão evidente e as quais têm sido banidas dos curriculos das universidade e faculdade de desporto por serem conotadas como pseudo-ciências. Estes preconceitos são responsáveis pela formação de professores de Educação Física e do Fitness que não conhecem em profundidade o corpo e a sua intervenção nunca é tão eficaz e objetiva. O mesmo se pode dizer da formação dos psicólogos que abordam os seus pacientes apenas numa dimensão imaterial da mente, desvinculada do corpo.
Foi demonstrado que os campos eletromagnéticos pulsáteis regulam virtualmente todas as funções celulares, incluindo a síntese do ADN, do RNA, síntese proteica, a divisão celular, a diferenciação celular, a morfogénese e a regulação neuroendócrina. Estas descobertas são relevantes uma vez que fundamentam que o comportamento biológico pode ser controlado por forças “energéticas” invisíveis estando incluídos os PENSAMENTOS. A coerência ou incoerência dos nossos pensamentos, relativamente a nós próprios (auto-estima e auto-conceito), determina a coerência ou incoerência fisiológica. O recetor proteico altera a sua conformação quando é ativado pelo seu sinal complementar e assim, é capaz de se conjugar com um efetor proteico. Os efetores proteicos levam a cabo os comportamentos celulares.
Se até agora sabemos que o exercício físico é benéfico à saúde, agora podemos utilizá-lo de forma muito mais “cirúrgica”, porque estamos a lidar com um corpo inteligente e por isso, a forma como o exercitamos também deve ser inteligente e não tanto mecânica. O nosso corpo terá que ser visto como uma rede psicossomática, uma matriz celular viva que forma uma rede global interconectada que se estende por todo o corpo, como um sistema único e não compartimentalizado.
Mecanobiologia e mecanotransdução celular: os nossos corpos são estruturas hierárquicas complexas, e por isso a deformação mecânica de todos os tecidos resulta em rearranjos estruturais coordenados em muitas escalas diferentes. Para se explicar a mecanoregulação devemos ter em consideração que os organismos vivos como o homem, são constituídos por níveis de sistemas dentro de sistemas dentro de sistemas afirma Donald E. Ingber (2003), no seu artigo “mechanobiology ans diseases of mechanotransduction” e “the architecture of life”. A mecanotransdução corresponde aos mecanismos moleculares através dos quais as células sentem e respondem ao stress mecânico. Este corpo de investigação reavaliou a patofisiologia humana e este contexto revela que um vasto leque de doenças incluídas dentro de virtualmente todos os campos da medicina e cirurgia, partilham uma característica comum: a sua etiologia ou apresentação clínica resulta de mecanotransdução anómala.
Qual é a nova metodologia de organização nos programas de prescrição de forma a induzir alterações positivas na estrutura das células e na sua mecânica com repercussões benéficas na saúde e bem-estar dos praticantes. A compreensão da relação entre a estrutura e a função nos tecidos vivos e da mecânica fundamental da mecanotransdução celular pode conduzir a modos de intervenção terapêutica na prescrição do exercício físico revolucionando por completo a indústria do fitness e da educação física no futuro. Ou seja, a mecanobiologia permite resgatar um diálogo entre as ciências do exercício e saúde na sua preocupação higiénica com a dimensão psicomotora da expressão humana através da linguagem unificadora da mecanobiologia. face às recentes investigações no âmbito da mecanobiologia, o corpo de conhecimentos desenvolvido pelos que têm defendido a psicomotriciadade ganha cada vez maior expressão bem como a “relação entre a motilidade e a inteligência, já que é pelo movimento que o pensamento se vai estruturando” como afirma Vitor da Fonseca (1976). É dentro do espaço tónico-emocional (mecanotransdução), e afetivo que devemos integrar a psicomotricidade, na medida em que é pelo corpo que as situações dialéticas de recusa, repulsão, prazer e desprazer se expressam e se manifestam com atinentes graduações tónico-posturais, tónico-gestuais” e eu acrescento tónico-patológicas (problemas de coração como exemplo). “O corpo não é um tratado de anatomia nem um atlas de ossos e articulações, ele é o ponto de referência central das preocupações da neuropsiquiatria infantil” e adulta, “porque é o primeiro instrumento da vida emocional e relacional” afirma Vitor da Fonseca (1976). “Ao situarmos o estudo do movimento” seja no âmbito da macromotricidade (Expressão motora), ou da micromotricidade (molecular|bioquímica), “no horizonte terapêutico, é elementar considerar o corpo como um lugar existencial onde permanece um ser, uma vida, uma história”.
- SciAmer-Ingber
- Ingber_AnnalsMed03
- Maurizio Meloni. The social brain meets the ractive genome: neuroscience, epigenetics and new social biology. Frontier in Human neuroscience. 21 may 2014. PDF
- Miranda R. Waggoner. Epigenetic Determinism in Science and Society. New Genetic Society. 2015 april 3. 34(2). pp. 1-17: PDF
- Erin York Cornwell & Linda J. Waite. Social Disconnectedness, Perceived Isolation, and health among adults. J. Health Soc. Behav. 2009 march. 50(1) pp 38-48: PDF





