Curso de Formação para Professores de EF.
Parkour (PK) ou l’art du déplacement:
Em português, a arte do deslocamento, é uma atividade cujo princípio é mover-se de um ponto ao outro, o mais rápida e eficientemente possível, usando principalmente as habilidades do corpo humano. Criado para ajudar a superar obstáculos de qualquer natureza no ambiente circundante, desde galhos e pedras até grades e paredes de betão, pode ser praticado em áreas rurais e urbanas. Os praticantes masculinos de parkour são reconhecidos como traceur e femininos como traceuses.
O Parkour é Dinâmico e Fluido:
Uma característica integral do parkour relaciona-se com o facto de empregar a corrida para ligar os movimentos, resultando em fluidez e suavidade que caracteriza esta disciplina, dando-lhe o carácter apelativo e dinâmico. Esta é também uma das características mais difíceis de dominar porque exige tempo e treino. Os movimentos seguintes fazem parte do elenco básico da modalidade:
- Corrida (horizontal e vertical, incluindo a repulsão a partir de paredes, etc);
- Balanceamentos (correr sobre vedações, gradeamentos, etc)
- Viragens (verticais ou horizontais, com ou sem salto)
- Saltar | transpor (com ou sem fase de apoio, looping)
- Aterrar (com rolamento, com precisão nos dois pés)
- Suspensão e balanços (depois de saltar para um obstáculo)
- Trepar (muros, árvores, etc)
Três objetivos que se enquadram no contexto do parkour:
- Auto-conhecimento: explorar novas formas de desenvolvimento do corpo no espaço e de descoberta e superação de limites pessoais.
- Auto-descoberta: Explorar formas fluídas e diferentes de relação do corpo com o espaço envolvente. Adquirir conhecimentos e competências que permitam organizar e desenvolver a destreza física na relação com os obstáculos naturais ou urbanos.
- Auto-superação: superar limites pessoais dentro da zona de conforto e segurança.



Sucesso do Parkour:
O objetivo não passa somente pela adoção da forma mais eficiente de se deslocar de um ponto para outro, mas também incorporar elementos de pesquisa do novo, traçados diferentes que normalmente seriam muito improváveis de se fazer uma abordagem convencional ou clássica.
Podemos enumerar da seguinte forma as várias características do parkour que a tornam numa modalidade de sucesso:
- O praticante está livre das limitações espaciais e temporais para com as quais a maioria dos desportos e atividades se limita e baliza.
- O parkour é uma expressão individual que visa o autoaperfeiçoamento e pode ser realizado virtualmente em qualquer espaço e tempo.
- Ao contrário da maioria dos outros desportos, não está confinado a um qualquer tipo de equipamento ou instalação.
- O aspeto da performance desta disciplina é olhado pelos seus praticantes como um subproduto bem-vindo, resultando do facto de ser praticado em locais centrais de fluxo de pessoas.
- A ausência do elemento ou fator competitivo é compensado pelos desafios apresentados pela condição física, ou restrições autoimpostas.
- Apesar do elevado nível de individualismo, os praticantes identificam-se normalmente com grupos de entreajuda e organizam-se através da “internet”.
- Os movimentos (gestos técnicos), são aprendidos por tentativa e erro. Desta forma, cada indivíduo está no seu próprio território conhecido e pode fruir as conquistas que vai alcançando no seu próprio ritmo e segundo a sua própria natureza individual.
Vantagens do Parkour na Escola:
- A atividade em si é extremamente apelativa para os alunos;
- O conceito e subcultura está muito enraizado na forma de estar e sentir dos jovens;
- Transforma a abordagem pouco apelativa da ginástica desportiva (solo, aparelhos e acrobática), num conjunto de destrezas motoras gimnicas (DMG), livres, fluídas, elegantes e cativantes, recriando de forma criativa e apelativa o conceito tradicional e formal da ginástica, que perde cada vez mais adeptos, numa dinâmica leve e renovada;
- Permite, com poucos ou nenhuns recursos (investimento), para as escolas, socorrendo-se única e exclusivamente do material de ginástica existente ou do mobiliário urbano, transformar os recintos escolares em ginásios de treino ao ar livre;
- Também permite, através da utilização dos equipamentos já existentes, recriar circuitos de obstáculos que desafiam e cativam os alunos;
- Cria maior sensação de liberdade e desenvolve a autoestima e autoconceito, quando se verificam progressos e melhorias nas capacidades físicas e coordenativas dos alunos;
- Existe uma cumplicidade e proximidade muito grande entre o parkour e a psicomotricidade de Vítor da Fonseca e a Psicocinética de Jean Le Boulch. Isto quer dizer que o parkour permite explorar as praxias motoras através de movimentos que solicitam as três unidades funcionais de forma integrada:
| 1ª Unidade Funcional | 2ª Unidade Funcional | 3ª Unidade Funcional |
| Substância reticulada Sistemas Subtalâmicos Cerebelo Sistema Vestibular | Córtex Sensorial: occipital (visão), temporal (audição) e parietal (táctil e cinestésico) | Lóbulos Frontais: programas e planos de ação |
| Tonicidade e Equilibração | Noção do Corpo Lateralidade estruturação espácio-temporal | Movimento Práxico Praxia Global e fina |
| Equilíbrio e postura. Muitos dos sinais e problemas de atenção, de hiperatividade e de desorganização da informação, têm a ver com este sistema. | Hemisfério direito: postural, emocional e visuoespacial Áreas sensoriais primárias: relação com os analisadores periféricos. Áreas secundárias: organização percetiva. Áreas terciárias: acesso à consciência do EU, noção do corpo, aquisições da lateralidade e estruturação espácio-temporal. | Planificação e execução dos movimentos intencionais. |
A função práxica, que é uma função específica da nossa espécie, tem a ver com a capacidade de programar o movimento como produto final, tendo atrás de si imensos processos internos de elaboração. A praxia envolve, portanto, um plano e uma execução. O plano é uma função psicológica, a execução uma função motora, ou seja, a expressão da riqueza da organização. A única forma de se compreender como a criança organiza a sua função psicológica passa pela observação do seu comportamento. Daí a importância de estudarmos os vários componentes psicomotores e como eles se organizam para produzir o movimento belo, simples, económico e harmonioso, que traduz o comportamento motor superiormente organizado e que permitiu ao ser humano transformar a natureza e a sua própria imagem do corpo (Vitor da Fonseca, “Temas de Psicomotricidade”).
Os Percursos de Obstáculos do Parkour proporcionam ao professor de EF um meio eficaz de incorporar atividades percetivas, no programa de EF, por meio de uma instrução em grandes grupos. Para além das respostas motoras, os Percursos de Obstáculos de PK também envolve o desenvolvimento de processos visuais e auditivos. Muitos outros objetivos podem ser encontrados, incluindo a capacidade para seguir direções, o aumento da atenção, da capacidade de ouvir (discriminar), etc.
Curso Formação
PK nas Aulas de EF
Duração: 25 horas
N.º Registo IGAC: 000/2025
Público: Professores de EF 260 e 620

Bibliografia Sugerida.
PK Roadmap
Max Henry

PK & Freerunning
Jan Wietfeld et al.

PK – Escola
Sascha Rochhausen

PK – Força
R. Ford & B. Musholt

PK Tutorial
PK Australia

Guia Completo
Sidney Grosprêtre

PK Avançado
Dan Edwardes

PK Principiantes
Hannah Betty

- Ben William Strafford et al. Parkour as a donor sport for athletic development: PDF
- Elizabeth de Freitas. Parkour and the Built Environment – Spatial Practices and the Plasticity of School Buildings. Journal of Curriculum Theorizing. PDF
- J. Eric Tayler, Jessica Witt, Mila Sugovic. When walls are no longer barriers: perception of wall height in parkour. Perception. PDF
- Rui Gonçalves de Carvalho e Ana Luísa Pereira. Percursos Alternativos – o parkour enquanto fenómeno (sub)cultural. Revista Portuguesa de ciências do desporto.: PDF
- Australian Parkour Association; “Technique & Movement Tutorial”: PDF;
- Daniel Llabaca; Freemove; “Inspiring Movement”: PDF;
- Damien et al (2013), “Ground Reaction Forces and Loading Rates Associated with Parkour and Traditional Drop Landing Techniques; Journal of Sports Science and Medicine, 12, 122-129: PDF;
- Elizabeth de Freitas (2011). Parkour and the Built Environment. Journal of Curriculum Theorizing. Vol. 27. Nº 3: PDF;
- Regan J. Standing and Peter S. Maulder, (2015), “A Comparison of the Habitual Landing Strategies from Differing Drop Heights of Parkour Practitioners (Traceurs) and Recreationally Trained Individuals”; Journal of Sports Science and Medicine, 14, 723-131: PDF;
- João Jorge. Clube de Parkour Escolar (2014/2015): PDF.
- Rui Carvalho (2008); “O Parkour enquanto fenómeno (sub)cultural”; VI Congresso Português de Sociologia; UNL – FCSH: PDF;
- Sport England; “Creating Safer Communities – reducing anti-social behaviour and the fear of crime through sport”: PDF;
- Jesse Woody (2006); “Parkour Basics – A Compendium”; Crossfit Journal: PDF;
- Jesse Woody (2006); “Parkour”; Crossfit Journal: PDF;
- Jesse Woody (2006); “Environmental awareness and the roll”; Crossfit Journal: PDF;
- Jesse Woody (2006); “Part 1: Two-Handed, Speed, and lazy Vaults”; Crossfit Journal: PDF;
- Jesse Woody (2006); “Part 4: Tica-tac and Wall-Run”; Crossfit Journal: PDF;
- Jesse Woody (2007); “Indoor Parkour Training”; Crossfit Journal: PDF;
- Chris Cooper (2014); “Ninjas by Nature”; Crossfit Journal: PDF;
- Neiva Leite e col. (2011). Perfil da aptidão física dos praticantes de le parkour. Rev. Bras. Med. Esporte. Vol 17, nº3: PDF;


