O Conceito IKIGAI
Dan Buettner no seu livro “Blue Zones Solution” refere que um dos ingredientes mais significativos que garante uma longevidade está relacionado com o conceito Ikigai o qual surge no Japão e evidencia a importância das questões existenciais para o sucesso e felicidade de cada um, seja na área profissional ou pessoal. Os investigadores recomendam o auto-conhecimento e a identificação da nossa paixão, missão, profissão e vocação. Não se trata apenas de viver por um longo período de tempo, mas de aproveitar a vida e saber o que se quer fazer com ela. Ikigai é um termo japonês que descreve a razão que nos motiva a levantar da cama todos os dias, ou seja, a motivação para viver.
Os alunos, ao responderem a estas questões, iniciam um processo consciente de reflexão e construção dos seus Projetos Individuais da Existência (LBSE):
| Como viver uma Vida Significativa? | O que é bom para o Mundo? |
| Como viver uma Vida Produtiva? | O que eu sou bom a fazer? |
| Como viver uma Vida Agradável? | O que eu amo fazer? |
| Como viver uma Vida Plena? | Em que atividade eu posso ser pago? |

| Bom a Fazer | Amo Fazer | Bom para o Mundo | Pago para fazer | |
| Profissão | Sim | Sim | ||
| Vocação | Sim | Sim | ||
| Missão | Sim | Sim | ||
| Paixão | Sim | Sim |
Questões que os alunos deverão responder:
- De que forma um estilo de vida ativo contribui para viver uma vida significativa, produtiva, agradável e plena?
- Em que medida a atividade física contribui para viver um estilo de vida ativo?
- Que tipo de atividade física é mais adequada para mim em cada fase da minha vida?
- Qual o tipo de atividade física que me motiva mais?
Projetos Individuais de Existência
A Lei de Bases do Sistema Educativo, apresenta a seguinte redação na alínea d) do artigo 3º:
Assegurar o direito à diferença, mercê do respeito pelas personalidades | pelos Projetos Individuais da Existência (PIE).
Podemos constatar que a LBSE apresenta uma “preocupação” relativamente à necessidade de orientar a ação pedagógica no sentido do Locus no Controlo Interno e também com a necessidade de permitir que os alunos procurem no seu percurso escolar, encontrar o seu sentido ou propósito de vida o que é equivalente a Ikigai (Projetos Individuais da Existência):
Qual a razão de Ser:
- Paixão.
- Missão.
- Profissão.
- Vocação
Porém, constatamos que a avaliação externa sejam as provas de aferição ou os exames nacionais, condicionam tanto os professores como os alunos, a um treino para o exame, empobrecendo a formação e reduzindo a alínea d) do artigo 3º da LBSE a uma mera declaração de intenção.
Como sempre é importante cruzar esta informação com as finalidades da EF propostas no documento “Educação Física de Qualidade”:

José A. Carvalho Teixeira apresenta uma “Introdução à Psicoterapia Existencial” publicado na Análise Psicológica (2006) na página 289-309. Este autor ajuda a perceber o significado e objetivo da expressão “Projetos Individuais da Existência”.
O que caracteriza a existência individual?
O que caracteriza a existência individual é o ser que se escolhe a si-mesmo com autenticidade, construindo assim o seu destino, num processo dinâmico de vir-a-ser. O indivíduo é um ser consciente, capaz de fazer escolhas livres e intencionais, isto é, escolhas das quais resulta o sentido da sua existência. Ele faz-se a si próprio escolhendo-se pela combinação de realidades/capacidades, possibilidades/potencialidades e está “em aberto”, ou melhor, está em projeto.
| Autenticidade | Projeto Existencial | |
| Projeto Individual da Existência | Responsabilidade pela autoria do seu destino e compromisso com o seu projeto | Fazer-se a si próprio; escolha originária que o indivíduo fez de si. |
| Finalidades da EF | Fisicamente Literados; Participação em Atividades Físicas ao Longo da Vida | Desafios do Século XXI; Cidadão Responsável e Ativo |
| Valores | Cuidado; Construção; responsabilidade. | Autonomia; Liberdade. |
Palavras Chave:
Autenticidade:
A autenticidade caracteriza a maturidade no desenvolvimento pessoal e social. A escolha é um processo central e inevitável na existência individual e a liberdade de escolher-se envolve responsabilidade pela autoria do seu destino e compromisso com o seu projeto. A liberdade de escolha não só é parte integrante da experiência como o indivíduo personifica as suas escolhas: a identidade e as características do indivíduo seriam consequências das suas próprias escolhas.
Projeto Existencial:
É a união, o “fio condutor” entre o passado, presente e futuro, a continuidade compreensível das vivências, coerência interna do mundo individual, que reflete a escolha originária que o indivíduo fez de si e que aparece em todas as suas realizações significativas, quer ao nível dos sentimentos, quer ao nível das realizações pessoais e profissionais. O processo de individuação opõe-se ao conformismo com as normas e papéis sociais, o que conduz a um funcionamento estereotipado e inibidor da simbolização e da imaginação. O indivíduo está comprometido com a tarefa, sempre inacabada, de dar sentido à sua própria existência.
| Locus no Controlo Interno | Locus no Controlo Externo |
| Processo de Individuação | Conformismo com as normas e papeis sociais |
| Cuidar da sua existência procurando conhecer-se e compreender-se; constrói o seu mundo dando sentido à sua existência. | Funcionamento estereotipado e inibidor da simbolização e da imaginação |
| A ação pedagógica deve facilitar a oportunidade, espaço, tempo e ritmo adequados para que a criança se construa a si própria – Auto-Regulação da Aprendizagem. | A ação pedagógica é objetivamente uma violência simbólica enquanto imposição, por um poder arbitrário, de uma arbitrariedade cultural. Domesticação do dominado. |

O Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade obrigatória, tal como a LBSE constitui uma boa matriz de trabalho. Para que seja possível criar espaço para que os alunos explorem o Ikigai teremos que adotar algumas estratégias nomeadamente:
Empoderamento da Escola e do Indivíduo na Sociedade:
Roberto Carneiro (2001), no seu livro “Fundamentos da Educação e da Aprendizagem” refere que “a escola em Portugal tem sido considerada um terminal burocrático do Estado. (…) será preciso resgatar a escola das garras burocráticas do Estado. E isso faz-se restituindo a escola às suas comunidades locais de pertença. (…) Desmonopolizar a educação é condição da sua desmassificação (…)”. A escola deve ter total liberdade para criar e levar por diante o modelo educativo que a comunidade quiser. (…) O modelo que eu advogo é um modelo de desmassificação e desmonopolização da gestão; de descentralização com regulação, controlo e avaliação; e de diferenciação com noção de serviço público. O modelo que eu veria mais adequado é o modelo derrogatório, comunidade a comunidade. A escola representa, de facto, para as comunidades, e em particular, para os pais, o centro de esperança e um fulcro de criação de futuro” (Roberto Carneiro, 2001). Michel Poulan e colaboradores “The Blue Zones” refere que a longevidade está associada a populações que conseguem manter um estilo de vida tradicional que pressupõe atividade física “intensa” para lá da idade dos 80 anos, um reduzido nível de stress, um apoio familiar e comunitário intensivo bem como o consumo de alimentos produzidos localmente. Roberto Carneiro refere ainda que “há anos que os responsáveis pela Educação falam dessa devolução da escola à comunidade. Mas será que o Estado consegue abrir mão de um sistema que é tão importante para o controlo da sociedade? O papel do Estado é servir a sociedade, não de a controlar”. O estado deve definir os programas mínimos. Eu defendo há muitos anos que os programas de ensino devem ter três componentes, uma componente nacional (20%), uma componente regional (30%) e uma componente local (50%)”. Na minha opinião pessoal, 80% deve pertencer à componente local e 20% nacional:
Estilos de Ensino Centrados nos alunos (Além da Barreira da Descoberta): implementar preferencialmente os métodos ativos de aprendizagem como a discussão em grupo, realização pela prática e ensinar outros. A Aprendizagem Cooperativa presta-se muito a este propósito. O Projeto Individual da Existência é da responsabilidade de cada aluno e por isso este terá que refletir e aprender a definir objetivos e a afetar recursos orientados para IKIGAI.
O que é Estar-no-Mundo
A existência enquanto estar-no-mundo envolve a unidade entre o indivíduo e o meio em quatro dimensões, que são as dimensões da existência:
Física.
É o mundo natural (Umwelt), o da relação do indivíduo com os aspetos biológicos do existir e com o ambiente e que envolve as suas atitudes em relação ao corpo, aos objetos, à saúde e à doença e no qual se exprime em permanência uma procura de domínio sobre o meio natural, que se opõe a submissão e aceitação das limitações impostas, nomeadamente pela idade e pelo ambiente. O sentimento de segurança é aqui dado pela saúde e bem-estar
Social.
É o mundo da relação com os outros (Mitwelt), do estar-com e da inter subjetividade onde se revela e descobre o que se é, mundo que envolve as atitudes e os sentimentos em relação aos outros, tais como amor/ódio, cooperação/competição, aceitação/rejeição e partilha/isolamento. Inclui os significados que os outros têm para nós, quer sejam os familiares, os amigos ou os colegas de trabalho, significados que dependem das modalidades da nossa relação com eles. Esta dimensão relacional é uma premissa fundamental do modelo existencial (Spinelli, 2003)
Psicológica.
É o mundo da relação consigo próprio (Eigenwelt), da existência subjetiva e fenomenológica de si-mesmo, da construção do mundo pessoal, com auto-percepção de si, da sua experiência passada e das suas possibilidades, recursos, fragilidade e contradições, profundamente marcado pela procura da identidade própria, assente na auto-afirmação e numa polaridade de atividade/passividade
Espiritual.
É o mundo da relação com o desconhecido (Ueberwelt), que envolve uma relação com o mundo ideal, a ideologia e os valores, onde se pode exprimir o propósito da existência individual.
Será que a EF promove valores IKIGAI?
A Formação em Habilidades para a vida e participação em Atividades Físicas ao Longo da Vida (Longevidade) pede uma orientação dos objetivos e conteúdos da Educação Física no sentido do movimento funcional, para as atividades físicas de lazer, turismo de aventura, ligação profunda com a natureza e atividades físicas ocupacionais e solicita sobretudo o envolvimento comunitário cooperativo de apoio mútuo em indivíduos que desenvolvam um perfil “Givers” (Dadores) segundo a terminologia utilizada por Adam Grant.
Givers (Adan Grant “Give and Take”):
O perfil de personalidade que queremos promover nos jovens são a gentileza (trabalhar para o bem estar dos outros), responsabilidade (ser confiável), justiça social (apoiar os desfavorecidos) e a compaixão (ser sensível e acudir às necessidades dos outros). Este perfil de personalidade é construido sobretudo através da Pedagogia da Cooperação e da Pedagogia da consciência.
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DGS. Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física 2017. Ministério da Saúde
Dawn Penny e Mike Jess “Physical Education and Physical Active Lives: A lifelong approach to curriculum development” perguntam: o que é que um estilo de vida ativo envolve exatamente?
- Se queremos desenvolver propostas que estabeleçam relações realistas entre a Educação Física e as agendas de Atividade Física para a população, precisamos construir uma visão clara sobre o que envolve um tal estilo de vida.
- Segundo, precisamos revisitar o tipo de competências, conhecimentos e compreensão necessários que os jovens precisam adquirir para manter estilos de vida ativos.
Qual é o quadro de referências que deve alicerçar o modelo de Atividade Física ao Longo da Vida (AFLV – Longevidade):
A AFLV pode ser conceptualizada como tendo quatro dimensões:
- Atividade Física Funcional (AFF) que responde às exigências das tarefas diárias sejam profissionais ou domésticas.
- Atividade Física Recreacional (AFR) enquanto lazer a qual, para muitos, é uma atividade com orientação social.
- Atividade Física Relacionada com a Saúde (AFRS) relacionada com a aptidão física, bem-estar e/ou reabilitação.
- Atividade Física Relacionada com a Performance (AFRP) a qual também está relacionada com a auto-superação e/ou sucesso nos ambientes competitivos.

Recreacional
Enquanto lazer, a qual para muitos, é uma atividade com orientação social.

Funcional
Responde às exigências das tarefas diárias, sejam profissionais ou domésticas.

Saúde
Relacionada com a aptidão física, bem-estar e/ou reabilitação

Performance
Relacionada com a auto-superação e/ou sucesso nos ambientes exigentes (adversidades) e/ou competitivos
Todas estas dimensões envolvem diferentes procuras de atividades, necessidades e interesses em diferentes momentos das nossas vidas – à medida que nos preparamos para, e progredimos através dos vários anos de escolaridade, entramos na vida adulta e vida ativa, passando por diferentes empregos, construindo família, avançamos na idade adulta, envelhecemos e entramos na reforma.


A questão associada à categorização das atividades físicas nestas quatro dimensões torna-se interessante mas ao mesmo tempo problemática. O assunto chave está relacionado com o propósito/objetivo de uma atividade. As atividades por si só não estão associadas com uma única dimensão. As associações podem variar pela forma como os indivíduos se envolvem em determinadas atividades por razões específicas.
Por exemplo, passear um cão pode ser visto como uma atividade funcional essencial (deve ser realizada diariamente), porém no caso de outras pessoas também pode representar uma importante atividade relacionada com a saúde podendo ser vista como necessária e não tanto como uma tarefa. A mesma atividade também pode constituir, para outros, uma importante atividade recreativa e/ou social. É importante compreender que a mesma atividade pode estar associada com várias dimensões AFLV. Se considerarmos o treino orientado para a performance num determinado desporto, muitos irão reconhecer instâncias ou aspetos dessa atividade onde existe uma sobreposição das dimensões recreativa, relacionada com a saúde ou com o rendimento. Como tal é importante enfatizar o significado pessoal e o objetivo, enquanto aspetos chave a considerar quando classificamos as atividades nas várias dimensões dentro do que decidimos designar por AFLV.
Desta reflexão surgem algumas questões pertinentes:
- Até que ponto a Educação Física Escolar constitui uma fundação importante para a AFLV em todas as suas dimensões?
- Para além da Escola, que outras influências contribuem para a procura de atividades físicas, necessidades e interesses durante a vida?
- De que forma é que essas influências, necessidades e interesses se relacionam com a saúde pessoal (holistica: física, mental, social, emocional e espiritual) e até que ponto a atual Educação Física aborda estas relações de forma efetiva?
- Estaremos nós a olhar para o futuro confiantes que temos, ou podemos aceder a novas competências e conhecimentos relevantes que nos permitam alterar os padrões de atividade, a procura, interesses e oportunidades?
- Onde, e de que forma, nós temos apoiado a participação dos outros (alunos) na atividade física? Como é que o devemos fazer no futuro? Será que a Educação nos preparou para estes papeis?
O nosso objetivo é formar aprendentes independentes ao longo da vida. Contribuir para que os jovens integrem AFLV e se envolvam em questões reflexivas relacionadas com um estilo de vida ativo leva-nos a sugerir que os currículos de EF, tal como têm sido tradicionalmente conceptualizados e organizados, destinam-se a assumir uma relevância parcial ou muito curta na vida de muitas pessoas. Embora a Educação Física nos proporcione uma boa fundação para a participação nos jogos recreativos e relacionados com a performance que muitos de nós apreciava na juventude, e que muitos ainda apreciam atualmente, estamos bastantes conscientes que isto não significa que muitos dos nossos pares sintam o mesmo. Além disso, o conteúdo e foco da Educação Física Escolar tem sido cada vez mais removido das nossas necessidades de atividade física e interesses à medida que as nossas vidas evoluem e as circunstâncias e intereses mudam. Isso não significa que a educação física escolar deva, de alguma forma, procurar abranger uma gama cada vez maior de atividades de lazer ativo para jovens e adultos, mas sim que o planeamento do currículo deve-se concentrar em habilidades e conhecimentos transferíveis.
Dito por outras palavras, os currículos devem abandonar uma metodologia centrada no ensino das matérias para se centrar numa metodologia de ensino das estratégias. Devem também, por inerência a este pressuposto, abandonar a sua dimensão prescritiva (matérias) mas ensinar os alunos a definir os seus Projetos Individuais da Existência e de que forma é que a prática de exercício físico constitui um aspeto fundamental para esse projeto. Assim os alunos devem aprender a trabalhar segundo a Metodologia de Trabalho por Projetos porque a vida é um projeto em constante construção. Por outro lado, a maioria das atividades físicas praticadas ao longo da vida não estão relacionadas com a performance mas sim com aspetos funcionais, recreativos e com a saúde.
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Dawn Penny e Mike Jess “Physical Education and Physical Active Lives: A lifelong approach to curriculum development”. Sport Education and Society, Vol. 9, Nº 2, july 2004. pp. 269-287
Jordan Wintle, “Physical Education and Physical Activity Promotion: Lifestyle Sports as Meaningful Experiences” afirma que a formação de hábitos na juventude tem sido ênfatizada como um fator preditor do envolvimento dos adultos em Atividades Físicas. Como tal, torna-se imperativo que os Professores de EF devam proporcionar experiências positivas aos jovens que aumentem a probabilidade destes jovens reconhecerem o valor e alegria no facto de continuarem a envolver-se em atividades físicas ao longo da vida. A EF tem sido vista como uma área e um veículo fundamental para a promoção de estilos de vida ativos. Enquanto matéria obrigatória e transversal a todos os ciclos de ensino, a janela de oportunidade é elevada. No entanto, a eficácia das atuais práticas no encorajamento de estilos de vida ativos tem sido questionada. As maiores questões centram-se em torno das pedagogias utilizadas na EF e a relevância do currículo para os jovens!… O autor argumenta que embora o estilo de vida desportivo (Literacia Desportiva) tenha um lugar nos currículos de EF, é importante que as pedagogias associadas a estas atividades estejam alinhadas com o etos e a cultura experimentada pelos participantes no contexto social onde se inserem (ênfase na comunidade)
Devemos estudar e compreender a relação entre a EF escolar e a Atividade Física praticada ao longo da vida! O autor refere que os resultados indicam que as memórias da EF na infância e adolescência possuem uma pequena-a-moderada associação com as atitudes, intenções e o tempo de sedentarismo na vida adulta. Porém, as experiências negativas eram sempre mais poderosas e significativas tendo um impacto maior nos temas relacionados com a vergonha, falta de gosto/divertimento e a ansiedade a virem à tona. O divertimento e o sentimento de competência estavam associados a memórias mais positivas e a uma maior probabilidade de se envolverem em AF na idade adulta.
Em relação ao estado atual das práticas de educação física, Kirk [citado por Jordan Wintle] apresentou uma revisão um tanto contundente, observando que, longe de ser relevante para o século 21, a educação física hoje (educação física como técnicas desportivas) tem sido pouco relevante para os 30 anteriores anos. No seu trabalho de 2010, apresenta três futuros possíveis:
- Mais do mesmo parece ser a opção mais fácil, no entanto parece ser a menos sensata considerando os resultados apresentados.
- A EF, na sua forma atual, não está a conduzir à adoção generalizada de AF entre os jovens no seu próprio tempo ou além dos anos escolares. Portanto, parece lógico que algum tipo de Reforma da atual prática seja necessária se quisermos confiar na ambição da EF para lançar as bases para uma vida fisicamente ativa.
- Atualmente, parece haver um confronto entre a EF e o lugar da AF na vida dos jovens para além da escola. Na tentativa de resolver isso, podemos precisar repensar a natureza da educação física escolar e, de acordo com Tinning e Fitzclarence, considerar as possibilidades de um currículo pós-moderno em educação física
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Jordan Wintle, “Physical Education and Physical Activity Promotion: Lifestyle Sports as Meaningful Experiences”. Education Sciences. 2022, 12, 181
Ismael Tabuñar Fortunado. An Overview to Game Theory, Physical Education and Sports, Its Thirteen Essentials and Categories. Education Journal 2016; 5(5): 92-96:
Os alunos deverão compreender, distinguir, escolher e operacionalizar programas de Atividade Física vocacionados para as 4 dimensões, mas enfatizar sobretudo 3 delas:
| AFRS (Longevidade) | AFRP (Performance) | |
| Atividade Física Funcional – AFF | Método de Treino Natural de Georges Hébert; Educação Somática; Holopraxias. | ————— |
| Atividade Física Recreativa – AFR | Caminhar; Pedalar; Hidroginástica; Nadar; Aptidão Física; Turismo Aventura. | Escolher preferencialmente adversidades em vez de adversários (Cooperação) |
| Categoria da atividade | Atividade Específica | MET |
| Ciclismo | BTT | 8,5 |
| Ciclismo | Estrada/lazer 16 a 22 Km | 6 a 8 |
| Aptidão Física | Bicicleta estacionária 50 a 100 w (esforço ligeiro a moderado) | 5 |
| Aptidão Física | Exercícios calisténicos | 4,5 |
| Aptidão Física | Treino em circuito (geral) | 8 |
| Aptidão Física | Exercícios gerais no Ginásio | 5,5 |
| Aptidão Física | Posturas de Hatha Yoga | 4 |
| Aptidão Física | Hidroginástica | 4 |
| Dançar | Ginástica Aeróbica – geral | 6 |
| Dançar | Danças de salão (disco, folk, etc) | 5,5 |
| Pescar | Pesca de lazer | 5 |
| Atividade Doméstica | Limpar a casa | 4,5 |
| Atividade Doméstica | caminhar / Correr e brincar com crianças | 4 a 5 |
| Jardinar | Cortar a relva, mondar, limpar | 4 a 5 |
| Ocupacional | Agricultura, alimentar pequenos animais | 4 |
| Correr | Jogging, geral | 7 |
| Desporto | Golf, geral | 4,5 a 5,5 |
| Desporto | orientação | 9 |
| Holopraxia | Tai-Chi | 4 |
| Caminhar | Caminhada Cross Country (Natureza) | 6 |
| Caminhar | Caminhada na Montanha (Trail) | 8 |
| Atividade Aquática | canoagem em acampamento | 4 |
| Atividade Aquática | Snorkeling | 5 |
| Atividade Aquática | Estilo Livre (Crol ou bruços) esforço moderado. | 8 |
| Atividade de Inverno | Esquiar | 7 |
Zonas Azuis
Michel Poulan e colaboradores “The Blue Zones” refere que a longevidade está associada a populações que conseguem manter um estilo de vida tradicional que pressupõe atividade física “intensa” para lá da idade dos 80 anos, um reduzido nível de stress, um apoio familiar e comunitário intensivo bem como o consumo de alimentos produzidos localmente. A confiança entre as pessoas dentro destas comunidades é muito elevada o que garante um elevado apoio social, entreajuda e colaboração.
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- Estilo de vida tradicional.
- Atividade física intensa acima dos 80 anos.
- Reduzido nível de stress.
- Apoio familiar e comunitário aos idosos (Cooperação).
- Consumo de alimentos produzidos localmente.
1 – Estilo de Vida Tradicional
Estabelecer uma sociedade de mercado livre deve desmembrar as relações entre os indivíduos e ameaçar com aniquilação o seu habitat natural (Bruce K. Alexander, the roots of addiction in a free market society).
A Integração Psicossocial é fundamental para o bem-estar humano. Jon Young chama ao fenómeno de desintegração psicossocial a desconexão ou perda da Ligação Profunda com a Natureza e o antídoto passa pela reparação do isolamento emocional.
O ser humano possui um instinto inato (biologia evolutiva) orientado para o contacto social através dos laços criados pelo comportamento cooperativo. A causa apontada como responsável pela desintegração destes “instinto social” (Drawin “The Descent of Man”) deve-se, segundo Bruce K. Alexander, à introdução da Sociedade de Mercado Livre que pressiona as pessoas no sentido do individualismo e da competição. Também o Psicólogo Pierre Weill refere que na origem da “Roda da Destruição” está a competição e as lutas pelo poder. A sociedade de mercado livre (capitalismo) impõe a crença na felicidade através do poder material e do consumismo (“Modo Ter”), desviando a atenção das pessoas de um propósito e sentido de Missão ou Objetivo Nobre na Vida (“Modo Ser”).
Erin York Cornwell e colaboradores referem que os riscos para a saúde associados ao isolamento (desintegração do instinto social) têm sido comparados em magnitude aos tão conhecidos riscos de fumar cigarros e obesidade. Os indivíduos que relatam a falta de ligações sociais ou referem sentimentos frequentes de solidão tendem a sofrer elevadas taxas de morbilidade e mortalidade e também a propensão para a infeção, depressão e declínio cognitivo. Sabemos que as Comunidades Zona Azul florescem onde a ligação social é forte. Este fator remete-nos para a importância de currículos que contemplem as competências sociais e emocionais facilitadoras de relações sociais saudáveis onde a consciência social plena é um objetivo a alcançar.
2 – Atividade Física Intensa acima dos 80 anos
2-1 – Mudança de Comportamento.
2.1.1 – Contributo da EF para a Mudança de Comportamento.
A Roda da Mudança do Comportamento (RMC) mostra-nos que o Comportamento (B: Behaviour) é o resultado de três elementos específicos que se juntam num determinado momento: B = C x O x M. Para que um indivíduo execute um comportamento alvo (atividade física | ser ativo), se aumentar-mos a sua motivação ou capacidade de fazê-lo, estaremos a aumentar a probabilidade do comportamento acontecer. Em segundo lugar, para que o comportamento ocorra, ele precisa ser estimulado.
| B | M | C | O |
| Comportamento | Motivação | Capacidade | Oportunidade |
| Reação do Indivíduo perante o meio | Esperança vs medo; Prazer vs dor; Aceita vs Rejeita | O indivíduo é capaz de realizar a atividade | Solicitação para realizar o comportamento |
2.2 – Motivação.
2.2.1 – Preferências da População Portuguesa.
O gráfico seguinte mostra que as preferências da população portuguesa quanto a diferentes tipos de atividade física, por faixa etária difere consideravelmente da oferta dos currículos de Educação Física. Percebemos que, este é mais um argumento que nos pede uma revisão das matérias a lecionar nas aulas se estamos interessados na longevidade. Ainda olhamos para a EF numa perspetiva de performance e isso está refletido na importação do modelo desportivo e dos seus gestos técnicos especializados orientados para a rentabilização motora. A Educação Física que valoriza a longevidade escolhe os movimentos e atividades funcionais

Importa colocar algumas questões relativamente à lógica das Aprendizagens Essenciais da EF (EEEF) tendo em consideração a perspetiva da longevidade, ou por outras palavras, da Participação em Atividades Físicas ao longo da vida no âmbito das práticas de atividades físicas e/ou desportivas informais (lazer e turismo) em regime de autonomia.
Eurobarómetro:

Contexto onde os cidadãos se envolvem na prática de atividade física:
- A maioria dos cidadãos que se envolve na prática de atividade física ou desportiva é nos parques ao ar livre, no caminho entre casa e a escola e nos ginásios não estando filiados a nenhum clube (espontâneo). A maioria prefere atividades informais (autonomia) e não formais (Ginásios).

45% dos inquiridos referem que nunca praticam exercício ou desporto. Por outro lado, 38% fazem-no pelo menos uma vez por semana, e 6% cinco vezes por semana ou mais. A quota de inquiridos aumentou +6% desde 2009, de 39% para 45%. Os inquiridos na Finlândia (71%), Luxemburgo (63%), Países Baixos (60%) e Dinamarca e Suécia (59% em ambos os países) são os mais propensos a fazer exercício ou a praticar desporto pelo menos uma vez por semana. Por outro lado, mais de metade dos inquiridos em oito países afirma nunca praticar exercício ou desporto, sendo os níveis mais elevados em Portugal (73%), Grécia (68%) e Polónia (65%).
2.2.2 – Abordagem da EF na Escola-Como-Um-Todo.
Harold W. Kohl III and Heather D. Cook no documento intitulado Educating the Student Body: Taking Physical Activity and Physical Education to School refere que embora a EF e a atividade física no contexto escolar sejam principalmente da responsabilidade do sistema educativo, as escolas sozinhas não podem implementar as mudanças nos sistemas necessárias para alcançar uma geração futura saudável e educada. A concretização destas mudanças exigirá abordagens sistémicas influenciadas pelos ambientes sociais e culturais, económicos e físicos, bem como pelos impulsionadores das políticas locais, estatais e nacionais. É pouco provável que as mudanças num único local ou sector ou a um único nível, ou que sejam descoordenadas, sejam eficazes e pouco contribuam para uma melhoria a longo prazo.
Para alcançar os resultados desejados, serão necessárias interações entre a escola ou o distrito local e oito sectores adicionais:
- Casa e família.
- Uso do solo e desenho da comunidade.
- Organizações comunitárias voluntárias e sem fins lucrativos.
- Negócios e indústria.
- Recreação e desportos.
- Recursos da vizinhança, incluindo segurança.
- Cuidados de saúde e saúde pública.
- Meios de comunicação e comunicações.
Tradicionalmente, estes setores têm funcionado de forma independente e não têm comunicado eficazmente. Todos, no entanto, partilham o interesse e a responsabilidade de trabalhar para alterar as condições que promovem o status quo de diminuição da atividade física e aumento do comportamento sedentário entre os jovens do país.

Determinantes da saúde. Condições básicas para a saúde: Paz, abrigo, alimentação, rendimento, educação, segurança social, relações e redes sociais, empowerment, ecossistema estável, uso sustentável de recursos, justiça social, respeito pelos direito humanos, equidade. Adaptação de modelo dos determinantes da saúde de Dahlgren e Whitehead (1991).
2.3 – Capacidade
2.3.1 – Quais as estratégias que influenciam a Capacidade?
- Aprender a avaliar corretamente o Estilo de Vida (EV) recorrendo às ferramentas adequadas.
- Adquirir os conhecimento sobre os processos fisiológicos elementares da Super-Compensação da Vida (SCV).
- Aprender a potenciar a Inteligência Biológica (IB) através da Coerência Fisiológica (VFC).
- Aprender a prescrever um plano de atividade física personalizado gerindo os recursos disponíveis e o Potencial de Saúde (PS) → PS ≈ QS = QE x I x O.
- Fornecer ferramentas/metodologias e estratégias que tornem o comportamento mais fácil de realizar.
- Tornar o objetivo simples, acessível e exequível permitindo um aumento da capacidade.
2.4 – Oportunidade
2.4.1 – Quais as estratégias que aumentam a Oportunidade?
- Toda a atividade física conta.
- Qualquer quantidade de atividade física e melhor que nenhuma e quanto mais melhor.
- Há muitas oportunidades para ser fisicamente ativo na nossa zona de residência.
- Existem muitas opções gratuitas para a prática de atividade física que não exigem equipamentos caros e/ou sofisticados.
- No nosso dia-a-dia existem espaços, situações ou pessoas que nos incitam a mexer mais.
- Na zona onde moramos e/ou trabalhamos vemos frequentemente outras pessoas a andar a pé ou a fazer outras atividades físicas.
- Há cada vez mais pessoas a fazer atividade física.
Os alunos devem aprender a fazer o levantamento das oportunidades para se ser fisicamente ativo na zona onde moram, percebendo que existem muitas opções gratuitas para a prática de atividade física. Esta noção de acessibilidade a baixo custo é muito importante numa conjuntura onde as famílias estão financeiramente sitiadas. Para que isso aconteça não podem estar condicionados pelo paradigma desportivo que está refém de infraestruturas desportivas onerosas e recursos materiais dispendiosos e de acessibilidade condicionada tanto geograficamente como em termos de custo.
A área de Animação Desportiva e Tempos Livres, abordada de forma bastante elucidativa por Rui Lança no seu livro Animação Desportiva e Tempos Livres, dever-se-ia, a meu ver, designar por Atividades Físicas de Animação e Tempos Livres (AFATL) porque as atividades desportivas estão incluídas no universo das Atividades Físicas, um conceito muito mais abrangente. A Educação Física, considerando a sua vocação para a formação em prática de lazer, deveria estar associada à AFATL e respetivas atividades físicas informais autónomas.
2.4.2 – Oportunidades
O IPDJ no seu Plano Nacional de Atividade Física (PNAF) – Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto (Lei n.º5/2007, de 16 de janeiro) atribui responsabilidade à Administração Pública a promoção e a generalização da atividade física, enquanto instrumento essencial para a melhoria da condição física, da qualidade de vida e da saúde dos cidadãos. Para o concretizar adota programas que visam incentivar e apoiar as autarquias com o intuito de criar oportunidades para que os cidadãos sejam ativos:
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- Criação espaços públicos aptos para a prática da atividade física.
- Incentivando a integração da atividade física nos hábitos de vida quotidianos, bem como a adoção de estilos de vida ativa.
- Promovendo a conciliação da prática da atividade física com a vida pessoal, familiar e profissional.
Para tal foram implementadas algumas estratégias nomeadamente:
Atividade Física e Desportiva:
- Programa Nacional para a Marcha e Corrida.
- Hábitos de vida saudável no ensino Pré-escolar.
Transportes, ambiente, planeamento urbano e segurança públicae o plano nacional de promoção da bicicleta e outros modos de transporte suaves:
- Ciclismo vai à Escola (Federação Portuguesa de Ciclismo).
- Desporto Escolar Sobre Rodas.
- Programa Nacional de Ciclismo para todos.
- Infraestruturas autárquicas (percursos ciclo-pedonais): “Portuguese Trails“:
- Centros de BTT
Ambiente de Trabalho:
- Certificação da empresa ativa.
Serviços dirigidos aos Séniores:
- Aumentar a qualidade de vida da velhice – importância de ser fisicamente ativo.
- Disponibilizar instalações que tornem a atividade física mais acessível e atraente à pessoa idosa.

Um desafio nos esforços atuais para abordar o problema da inatividade física entre os jovens tem sido uma atenção desequilibrada às estratégias individualizadas de mudança de comportamento, em vez de uma verdadeira abordagem de saúde pública que requer o pensamento sistémico. Uma abordagem sistémica postula que as escolas podem agir como um ponto focal, mas sozinhas não podem realizar a tarefa de aumentar e sustentar a atividade física na juventude porque múltiplos sistemas e setores na sociedade influenciam a adoção de um estilo de vida ativo e saudável. Uma revisão sistemática das recentes intervenções de prevenção da obesidade encontrou uma correlação significativa entre o envolvimento com a comunidade e os resultados da intervenção.
2.4.3 – Currículos de EF
O que se entende por pensamento sistémico?
Uma Abordagem Sistémica:
- Concebe explicitamente estratégias que se centram nas interações e ligações (integração) entre os diferentes setores da comunidade e entre os indivíduos e o seu ambiente comunitário.
- Tem em conta o contexto e as características de uma comunidade ao planear as estratégias de intervenção, a fim de ter uma visão global que permita reconhecer as consequências pretendidas e não pretendidas das estratégias e alterá-las, se necessário.
- Utiliza uma abordagem multidisciplinar, incluindo peritos da comunidade, para determinar as interações entre sistemas e sectores necessárias ao desenvolvimento de intervenções viáveis que sejam sustentáveis (persistência das mudanças introduzidas e adoção contínua de novas mudanças) e escaláveis (capazes de serem ampliadas para terem impacto em muitos contextos) e que tenham alcance em subgrupos culturais e linguísticos da população.
Para captar a perspetiva dos sistemas sobre o aumento da atividade física entre crianças e adolescentes, é importante reconhecer que os esforços devem ir além dos currículos de EF ou dos programas de atividade física em si (ver Figura seguinte). Os componentes de uma intervenção devem ter um impacto explícito e direto sobre os elementos da infraestrutura de apoio (tanto no nível da escola quanto da comunidade) que permite uma EF de alta qualidade e oportunidades significativas de atividade física durante todo o dia escolar. Os investimentos na infraestrutura de apoio devem garantir que seus elementos estejam bem alinhados e integrados (ou seja, trabalhem em sinergia) para atingir os objetivos dos Currículos e Programas Escolares. Além disso, as oportunidades de atividade física ao longo do dia escolar devem ser concebidas de forma coesa para criar uma Cultura de Vida Ativa e o valor do bem-estar.

Harold W. Kohl III and Heather D. Cook. Educating the Student Body – Taking Physical Activity and Physical Education to School. The National Academies Press.
Como parte de sua Abordagem de Sistémica, importa reconhecer que muito do que acontece no ambiente escolar é parte de um sistema global de políticas e regulamentos em vários níveis. O centro de interesse são as oportunidades e experiências de atividade física dos alunos. Estas oportunidades incluem:
- A Educação Física.
- Os desportos intramuros (Desporto Escolar) e extramuros (Desporto Associativo).
- O transporte ativo de e para a escola (a pé, de bicicleta).
- A atividade física nas aulas (académicas).
- O recreio.
- Os programas antes e depois das aulas.
- Outros tipos de intervalos.
- O Sistema Natural de Suporte à Vida.
2.4.4 – Infraestrutura Verde
O que é a Infraestrutura Verde de uma Comunidade (IVC): Corresponde ao conjunto dos parques comunitários e nacionais, vias públicas, florestas, hortas comunitárias e uma infinidade de outras formas de componentes privados e públicos da paisagem natural (espaços verdes), tomados em conjunto e considerados como um sistema. Em ambientes urbanos, esta infra-estrutura pode incluir não apenas manchas e corredores paisagísticos, mas também outras representações da natureza (por exemplo, telhados verdes, árvores nas ruas) que fornecem serviços eco-sistémicos de apoio à saúde sem exigir o mesmo nível de consumo de terrenos urbanos finitos.

Fonte da Imagem: Christopher Coutts e Micah Hahn intitulado Green Infrastructure, Ecosystem Services, and Human Health, publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health. Infraestrutura Verde de uma Comunidade.
Uma definição amplamente citada de Infraestrutura Verde (IV) é uma rede interligada de espaços verdes que conserva os valores e funções naturais dos ecossistemas e fornece benefícios associados às populações humanas. No cerne desta definição estão os benefícios que o ambiente natural proporciona aos seres humanos. A adoção desta definição não desvaloriza de forma alguma os benefícios ambientais da IV. Pelo contrário, reconhece que os dois são complementares. A proteção ambiental sob a forma de implementação da IV resulta em benefícios humanos. Entre os benefícios ambientais, sociais e económicos altamente interligados da IV estão os benefícios para a saúde associados à proteção da IV como o nosso Sistema Natural de Suporte à Vida (SNSV).
Sempre que possível, os Professores de Educação Física devem procurar o potencial das IV próximas das escolas, quando estas são escassas ou não existem dentro dos espaços escolares, para realizar Atividades Físicas de Exploração da Natureza (AFEN) e de Ligação Profunda com a Natureza (LPN) contrariando a crescente Desordem de Défice de Natureza (DDN).
2.4.5 – Atividade Física e a Infraestrutura Verde (IV):
Tem-se verificado, nas últimas duas décadas, uma pequena explosão de literatura que examina a influência do ambiente físico sobre o comportamento da atividade física. Este movimento foi reforçado pelo reconhecimento da influência do ambiente físico como facilitador da atividade física. A IV tem tido um impacto positivo pelo facto de constituir um potencial apoio ambiental que encoraja uma miríade de benefícios para a saúde que advêm da prática regular de atividade física. A maioria dos estudos sobre a atividade física e a IV reportam um maior nível de atividade física, cerca de 77,5%. Na sua generalidade os estudos concluem que o valor das IV enquanto espaços de prática de atividade física é inquestionável, porém o impacto das IV está condicionado pela acessibilidade aos mesmos. A melhoria do acesso às IV depende da multiplicação deste tipo de espaços bem como a uma distribuição pelo espaço que garanta a acessibilidade a todos. Um dos fatores que impulsionam o aumento da investigação e da defesa de ambientes propícios à atividade física é a reconhecida necessidade de conter a epidemia da obesidade. Mais de um terço dos adultos e quase 20% das crianças nos EUA são obesos. Um relatório da federação Mundial de Obesidade coloca Portugal como o oitavo país entre 183, mais bem preparado para combater esta doença crónica porém, a obesidade atingirá 39% dos portugueses adultos em 2035. O Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) de março de 2023 apresenta a obesidade, enquanto doença crónica e simultaneamente fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças, atinge 28,7% da população adulta portuguesa (cerca de dois milhões de pessoas), sendo que mais de metade da população apresenta excesso de peso (67,6%).
A existência de IV melhoram a qualidade dos ambientes urbanos e também proporcionam pontos de encontro para a sociabilização reforçando os laços entre as pessoas. Muitos chineses têm por hábito a prática de tai-chi em grupo nos espaços verdes. Este é um modelo a importar porque qualquer espaço verde constitui uma oportunidade para a prática de atividade física e também para as crianças brincarem.
Os Professores de Educação Física podem aproveitar qualquer espaço exterior para realizar atividade física passando uma mensagem clara aos alunos, as oportunidades para se ser fisicamente ativo existem em qualquer ambiente desde que se saiba interpretar e ler o ambiente e se conheçam as possibilidades de movimento. Quando os Professores de EF apenas circunscrevem as suas práticas pedagógicas aos espaços desportivos formais, pavilhões desportivos, pistas de atletismo, polidesportivos exteriores, piscinas, campos sintéticos, estão a transmitir uma mensagem implícita (currículo oculto): a prática de atividade física está dependente deste modelo tradicional, das suas infraestruturas onerosas e espaços codificados. Os alunos não são solicitados à sua criatividade e a explorar as possibilidades de todos os espaços escolares e constroem crenças limitadoras para o futuro associando o exercícios físico ao desporto codificado formal e não formal. A democratização da atividade física depende duma flexibilidade mental que permita reconhecer o potencial para o movimento em qualquer lugar privilegiando as práticas informais.
3 – Reduzir o Nível de Stresse.
3.1 – Avaliação do Estilo de Vida do Aluno.
Segundo o Grupo de Trabalho da European Society of Cardiology e a North American Society of Pacing and Electrophysiology (1996), no artigo com o título: Heart rate variability: standards of measurement, physiological interpretation and clinical use, publicado no Jornal Circulation, a VFC fornece informações clínicas significativas sobre o estado de saúde de um indivíduo. O stresse crónico e o esforço no trabalho estão relacionados com as funções autonómicas cardíacas e podem ser examinados através da VFC segundo Yusitalo A. e colaboradores, 2011, Heart rate variability related to effort at work, publicado no Jornal Applied Ergonomics. A VFC também está relacionada com o bem-estar subjetivo segundo Geisler FCM, The impact of heart rate variability on subjective well-being is mediated by emotion regulation, publicado no Jornal Personality and Individual Differences. Para qualquer análise da VFC, é fundamental uma aquisição de RRI exata e sem erros.
O Novo Paradigma da Educação Física (NPEF) assume como Aprendizagem Essencial garantir as competências necessárias para que os alunos saibam efetuar uma Avaliação do seu Estilo de Vida (AEV) e adotar um Programa de Saúde e Bem-estar Integral (PSBI) considerando as seguintes dimensões:
- Reconhecer os sintomas físicos e psicológicos do stresse.
- Identificar se a quantidade e qualidade do sono está a ser regeneradora.
- Avaliar a qualidade nutricional e adotar estratégias alimentares saudáveis.
- Analisar os processos fisiológicos da Super-Compensação da Vida (SCV), conhecer o Ciclo de Auto-Renovação da Matéria Viva (CARMV). Usar estes conhecimento para promover um estilo de vida equilibrado e saudável que potencie a Inteligência Biológica. Conhecer e saber utilizar dispositivos de biofeedback que facilitem a oportunidade de analisar os parâmetros fisiológicos da VFC.
- Prescrever um Programa de Exercício Físico Personalizado (PPEFP):
- Avaliar o estilo de Vida.
- Avaliar a Aptidão Física.
- Avaliar a Postura.
- Definir de Objetivos Pessoais.
- Estabelecer Estratégias de Desenvolvimento da Aptidão Física: Escolher Métodos de Treino (físico, mental e emocional) e saber Organizar um Circuito de “Treino” Personalizado em função dos Objetivos Pessoais.
- Definir as Condutas Sociomotoras de Cooperação, Oposição e de Cooperação/Oposição que irá participar para explorar as Competências Socio-Emocionais, técnicas e táticas.
- vii. Adotar Metodologias de Relaxamento e de Ligação à Terra.
- Saber Auto-regular todo o Processo – lAuto-avaliação personalizada e formativa: privilegiar a Avaliação Ipsativa (comparação do desempenho do aluno em vários momentos do processo).

Este equipamento não é invasivo e deve ser usado apenas durante o período de recolha de informação. O dispositivo de medição Bodyguard 2 é um dispositivo de registo de intervalo R-R fácil de usar, projetado para medições de avaliação de estilo de vida. Uma Avaliação do Estilo de Vida pode ser realizada em quase todos os interessados na sua saúde, bem-estar e na melhoria do seu nível de aptidão física. A Avaliação do Estilo de Vida é utilizada com a finalidade de promover o bem-estar e não se destina ao diagnóstico de doenças.

O equipamento que pretendo enfatizar é o utilizado pela Firstbeat para medir a VFC e oferece dados extremamente importantes que facilitam uma análise do estilo de vida dos alunos, permitindo personalizar a abordagem na aula de Educação Física. O equipamento Firstbeat® utiliza a VFC para traçar um gráfico que mostra o estado fisiológico do aluno. A VFC pode ser usada para estimar a frequência respiratória, consumo de oxigénio, dispêndio energético (calórico), efeitos do treino (EPOC) e a recuperação do stresse.

Figura. (A) Fotografias de participantes a utilizar BG2 e GT3X+ durante a vida livre. (B) Captura de ecrã do programa de software utilizado para adquirir os parâmetros de PA para o BG2. (C) Captura de ecrã do programa de software utilizado para adquirir os parâmetros de PA do GT3X+. Fonte da Imagem: haochong Liu et col. Concurrent validity of the combined HRV/ACC sensor and physical activity diary when monitoring physical activity in university students during free-living days. Front. Public Health , 08 September 2022.
Quando promovemos na escola uma abordagem vocacionada para a longevidade, o desenvolvimento da competência de Gestão do Stresse (GS) é um dos Conteúdos Pedagógicos (CP) mais importantes. A GS não está apenas relacionada com a evicção de situações de stresse mas com o conhecimento e competência de uma correta gestão da carga geral de stresse na vida e a chave desta competência está relacionada com o conhecimento necessário para encontrar um equilíbrio entre as horas de trabalho, tempo de lazer e sono, e entre a atividade e repouso. Aprender a avaliar corretamente o Estilo de Vida (EV) recorrendo às ferramentas adequadas permite aos alunos, futuros adultos, identificar os Sintomas de Stresse (SS) físico e/ou psicológico e conhecer as causas mais comuns de stresse físico e/ou psicológico e, desta forma, desenvolver ritmos de vida e adotar estratégias que promovam o bem-estar ou também, se necessário, recorrer a estimuladores de energia, moduladores de inteligência biológica (informação) ou organizadores funcionais e estruturais (organização).
O Firstbeat Bodyguard 3 (BG3) é um sensor de nível profissional para medições de VFC de curto e longo prazo. Regista dados durante um período de 24 horas para fornecer insights sobre stresse e recuperação depois do treino. O dispositivo de alto desempenho regista intervalos RR e dados de movimento por meio de elétrodos discretos e pode ser usado para quantificar a qualidade do sono e os níveis de stresse diário de atletas (Alunos: se aplicado na escola). O software exportador fornece acesso a arquivos de dados brutos para ECG, RR-I e ACC em formato CSV.
Estado do SNA dominado pelo Simpático:
- Diminuição da VFC e aumento da FC.
- Nível de Ativação do Corpo está elevado – a causa não se deve à atividade Física (Dados do movimento)-
- A VFC não diferencia entre o stresse positivo e negativo, e as emoções não podem ser detetadas a partir da VFC.
- O contexto diz-nos se o corpo reage de forma apropriada (ex. durante o sono, a atividade Parassimpática deve ser dominante)
Estado do SNA dominado pelo Parassimpático:
- Onível da VFC está aumentada e FC diminuída verificando-se uma diminuição da respiração enquanto sinal de forte modelação parassimpática: sinal de relaxamento e capacidade do corpo para recuperar do stresse.
- Não se mede se o indivíduo está a dormir mas sim a recuperação fisiológica ou o efeito do sono.
- A recuperação é desafiada por inúmeros fatores de stresse tais como stresse no trabalho, problemas de sono, doenças agudas e crónicas, medicação, estimulantes (álcool, café), uma dieta pobre e excesso de peso.

Uma boa quantidade de recuperação por dia é superior a 30%. Se a duração do período de sono for superior a sete horas e o sono proporcionar recuperação, a recomendação diária de recuperação geralmente é cumprida. Num período de três dias, deve haver pelo menos 30% de recuperação em pelo menos um dia. A quantidade média de recuperação é de 26% por dia. Uma quantidade normal de reações de stresse num dia é de 40 – 60%. Uma reação de stresse significa um aumento do estado de alerta que não precisa ser eliminado, mas deve haver recuperação suficiente para contrabalançar isso. Em média, a proporção de reações de stresse por dia é de 50%.
Deve haver pelo menos breves momentos de recuperação durante o dia. Mesmo um breve momento de recuperação durante um dia de aulas do aluno é algo positivo. Relaxar traz prazer e melhora o estado de alerta e a eficiência no envolvimento e rendimento escolar. É fundamental examinar um dia do aluno e ver se o aluno cria oportunidades para recuperar sempre que possível (Podemos fazer uma análise dos horários do aluno e verificar se respeita os ritmos de cura ultradianos e a Resposta de Cura Ultradiana). Antes de dormir, é importante preferir métodos que diminuam o estado de alerta, como exercícios de relaxamento ou leitura.
Bons métodos para induzir calma e relaxamento incluem:
- Exercícios de relaxamento.
- Técnicas de respiração.
- Meditação.
- Leitura consciente.
- Ouvir música calma.
- Palavras cruzadas, puzzles.
3.2 – Stresse Bom e Mau.
O Stresse é uma reação fisiológica normal a níveis elevados de ativação do corpo. O efeito do stresse a curto prazo é normalmente benéfico, mas quando prolongado, torna-se pouco saudável. Estima-se que o stresse pode estar por trás de 50 ou 60% das doenças físicas e psicológicas. 75 a 90% de todas as consultas nos cuidados médicos primários devem-se a desordens relacionadas com stresse.
Numa reação aguda de stresse, os níveis de ativação do corpo elevam-se que se traduz por um aumento da FC e do metabolismo. O stresse é bom ou benéfico, por exemplo, quando existe um prazo-limite que exige a entrega de um trabalho. Quando a situação aguda de stresse termina, o corpo é capaz de acalmar como se pode ver na figura a seguir.

O stresse prolongado sem uma suficiente recuperação não é saudável. Preocupações constantes, um estilo de vida pouco saudável e tensão ou preocupações excessivas mantêm o corpo num nível elevado de ativação inibindo a sua capacidade para acalmar e recuperar. Se os períodos de sono, tempo de lazer ou fins-de-semana não permitirem que o corpo recupere o suficiente, este pode ser um sinal de stresse prolongado negativo. Especialmente durante períodos na vida desafiadores e exigentes, fatores adicionais de stresse devem ser minimizados para manter a capacidade geral de gestão da Carga Alostática (CA).
Podemos definir CA enquanto carga acumulativa de stresse crónico e acontecimento de vida. Envolve a interação de diferentes sistemas fisiológicos em vários graus de atividade. Quando os desafios ambientais excedem a capacidade individual de enfrentá-los, ocorre uma sobrecarga alostática. A CA é identificada pelo uso de biomarcadores e critérios clínicos. Esse conceito foi introduzido pelos psicólogos Bruce McEwen e Eliot Stellar em 1993 e refere-se ao custo da exposição crónica a respostas neuronais e neuroendócrinas flutuantes ou intensificadas resultantes de desafios ambientais repetidos ou crónicos aos quais um indivíduo reage como sendo particularmente stressantes. Deriva da definição de alostase, a capacidade do organismo para alcançar estabilidade através da mudança, e da visão de que o funcionamento saudável requer ajustes contínuos do meio fisiológico interno (Homeodinâmica em vez de homeostase). A definição de CA reflete o efeito cumulativo de experiências na vida diária que envolvem eventos comuns (situações de vida subtis e duradouras), bem como grandes desafios (eventos de vida), e também inclui as consequências fisiológicas dos comportamentos prejudiciais à saúde resultantes, tais como falta de sono e perturbações circadianas, falta de exercício, tabagismo, consumo de álcool e dieta pouco saudável. Quando os desafios ambientais excedem a capacidade individual de lidar, então a sobrecarga alostática ocorre como uma transição para um estado extremo onde os sistemas de resposta ao stresse são repetidamente ativados e os fatores de amortecimento não são adequados e suficiente.

3.3 – Causas mais comuns de Stresse.
Álcool e drogas, stresse no trabalho, problemas de relacionamento e baixo nível de aptidão física estão entre os agentes stressores mais comuns. As emoções negativas também tendem a estimular a secreção de hormonas do stresse (peptídeos). Por vezes basta apenas um fator de stresse para sobrecarregar o corpo porém, o efeito combinado de vários agentes stressores ao mesmo tempo pode ser significativo. Quando o corpo já está tenso, por exemplo por estar muito ocupado sobre a pressão do trabalho ou a debater-se com uma constipação, até 2 unidades de álcool ou exercício físico intenso pode desequilibrar a balança e inibir uma recuperação de boa qualidade durante o sono. Quanto mais forte de duradouro for o agente stressor, tanto maior o risco de exaustão ou doença.
| Stressores Físicos | Stressores Psicológicos |
| Álcool, outras drogas e estimulantes. Doenças e medicações Dores e infeções Problemas de sono, falta de sono, rirmos de sono irregulares Baixa Aptidão Física Sobrepeso Excesso de Exercício (Sobretreino) Outros | Stresse na Escola/trabalho Preocupação constante e problemas de gestão do tempo. Mudanças súbitas de vida e crises. Problemas de relacionamento com familiares, colegas, etc… Emoções negativas (medo e ódio) Situações stressantes antes de dormir (emails ou pressão com prazos de entrega de trabalhos) |
3.4 – Reconhecer e Lidar com o Stresse.
Reconhecer e lidar com o stresse pode ser difícil uma vez que os nossos sentimentos psicológicos podem estar em conflito com os estados de stresse fisiológicos do corpo. A Avaliação do Estilo de Vida Firstbeat© (AEV-FB©) ajuda-nos a identificar o stresse negativo.
Quando nos sentimos stressados, devemos pensar nas seguintes questões:
- Dormi o suficiente?
- Tenho comido e bebido regularmente?
- Tenho dedicado tempo à atividade física?
- Sinto alegria e/ou satisfação naquilo que faço?
| Sintomas Físicos | Sintomas Psicológicos |
| Problemas de sono Sintomas físicos, dor Doenças frequentes com tendência para infeção Problemas Digestivos Diminuição ou aumento do apetite Aumento da pressão arterial e sintomas cardíacos Recuperação fraca e fadiga crónica | Alterações do estado de humor. Problemas de memória Falta de motivação Ansiedade Irritabilidade, intranquilidade Dificuldade de concentração Alteração na utilização de estimulantes, álcool ou drogas |
É importante dar uma resposta em tempo real uma vez que é a nossa escolha que irá fazer a diferença. Temos que decidir se nos iremos preocupar e lamentar relativamente às circunstâncias de forma resignada ou se assumimos responsabilidade e agimos para resolver o problema. Devemos assumir um passo de cada vez porque as mais pequenas mudanças podem ajudar na obtenção de resultados e melhorias significativas. Quando estamos muito ocupados, não devemos saltar refeições, esquecer de beber água ou investir tempo no repouso porque estas estratégias ajudam a manter um nível elevado de performance. Devemos ensinar os alunos a estabelecer como objetivo, estratégias que apoiam a saúde e o bem estar em cerca de 80%.
3.5 – Sono de Qualidade.
O sono é uma parte fundamental da vida, e cerca de 1/3 da nossa vida é passada a dormir. Trata-se de um enorme investimento biológico associado ao crescimento, à reparação e à manutenção das funções corporais. O sono contribui para o bom funcionamento do sistema imunitário. Está também ligado à remoção de produtos residuais e à reorganização das redes do sistema nervoso central. O sono afeta quase todos os tipos de tecidos e sistemas corporais, desde o cérebro à atividade cardiovascular, pulmonar, metabólica/hormonal e do sistema imunitário. O sono também afeta a FC e a VFC, a frequência respiratória, a pressão arterial e a temperatura corporal.
Um sono suficientemente longo e de boa qualidade, é fundamental para uma boa saúde. A necessidade de sono é individual, mas a recomendação geral prescreve pelo menos 7 horas. É muito importante educar os alunos para a consciência da quantidade de sono que necessitam e a investir no sono para que coincida com as necessidades pessoais.
Diferentes Agentes Stressores (AS) tais como stresse, doenças e carga física ou mental exagerada pode comprometer a recuperação e manifestar-se de forma prejudicial a nível da saúde (6). Se os alunos não recuperarem durante o sono é importante investir tempo e recursos pedagógicos a determinar se é temporário ou crónico. Se esta condição se tem prolongado por um longo período de tempo, devemos agir e ensinar os alunos a reagir de imediato.
Os alunos devem conhecer e dominar técnicas e estratégias que lhes permitam tirar partido da quantidade de sono adequando e potenciando a qualidade da recuperação durante o sono que lhes garanta um bom efeito restaurador.

3.6 – Supercompensação da Vida.
Um dos Conteúdos Pedagógicos mais importantes da Disciplina de EF é o conhecimento sobre os processos fisiológicos da Super-Compensação da Vida (SCV) ou a aplicação do Ciclo de Auto-Renovação da Matéria Viva (CARMV) com o objetivo de promover um estilo de vida equilibrado e saudável.
Os sistemas de periodização do treino são consequência das investigações realizadas por Matweyew e têm como suporte científico o Síndrome Geral de Adaptação (SGA) ao stresse de Hans Selye, fundador da teoria do stresse (29), que se divide em 3 fases:
- Reação de alarme.
- Reação de resistência.
- Fase de exaustão.
O nosso conhecimento científico sobre a periodização do treino desportivo permite-nos fazer uma transferência para a vida. Numa correta planificação do treino desportivo devemos respeitar os princípios que o regem e os mesmos principio podem aplicar-se na vida. A periodização desportiva tem como objetivo principal o desenvolvimento do atleta para que este obtenha os mais elevados resultados desportivos. No caso de um indivíduo comum, o objetivo é diferente porque a prioridade é gerir corretamente a carga de stresse proveniente das várias situações da vida e ao mesmo tempo manter uma boa produtividade escolar (alunos), laboral (pessoa ativa) e funcional (longevidade). Um dos princípios que mais nos interessa na gestão do stresse na vida é a Organização Cíclica da Carga (OCC).

A Teoria Sistémica dos Sistemas Vivos (PDF I | PDF II | PDF III | PDF IV) de José Olalde Rangel é originária da ideia fenomenológica e suporta o conceito de que a saúde fisiológica se baseia em 3 factores:
-
- 1 – Organização (integridade da estrutura);
- 2 – Energia (Reserva Orgânica Funcional);
- 3 – Inteligência (Nível de Inteligência Biológica Ativa).
O estado de saúde, (S) de um indivíduo, é efectivamente igual ao produto da força de cada factor: S = O x E x I. A energia (E), inteligência (I) e organização (O) constituem o mínimo denominador comum nos sistemas vivos de uma anatomia triangular.
Um sistema vivo é uma unidade constituída por elementos que trabalham de forma coordenada, cada um ao serviço do outro, para se alcançar um objetivo comum que é a sobrevivência
O triângulo I-E-O reflete o Potencial de Sobrevivência (PS) de um sistema vivo, correspondendo à Saúde (S) de um organismo.
PS ou Quantidade de Saúde (QS) num sistema vivo pode ser matematicamente definida como o produto da sua Quantidade de Energia (QE), Informação (I) e Organização (O). PS ≈ QS = QE x I x O.
O Objetivo da aprendizagem da Aplicação da Supercompensação da Vida é garantir que os alunos, futuros adultos, saibam de forma adequada e inteligente, gerir a sua Quantidade de Sobrevivência aumentando o seu Potencial de Sobrevivência ou Longevidade.
Carga Alostática
A carga alostática corresponde à acumulação de stresse crónico e acontecimentos de vida. Envolve a interação de diferentes sistemas fisiológicos em vários graus de atividade. Define a capacidade do organismo para alcançar estabilidade através da mudança, e da visão de que o funcionamento saudável requer ajustes contínuos do meio fisiológico interno. Efeito cumulativo de experiências na vida diária que envolvem eventos comuns (Carga), bem como grandes desafios e também inclui as consequências fisiológicas dos comportamentos prejudiciais à saúde resultantes, tais como falta de sono e perturbações circadianas, falta de exercício, tabagismo, consumo de álcool e dieta pouco saudável.

Enquanto a Metodologia do Treino Desportivo (MTD) planeia a Organização Cíclica da Carga (OCC), a Metodologia de Avaliação do Estilo de Vida (MAEV) tem como objetivo determinar o impacto da carga dos Eventos da Vida e definir estratégias de mitigação do desgaste provocado pelas mesmas, procurando a recuperação e restituição do equilíbrio interno.

A Avaliação do Estilo de Vida mostra se o corpo recupera em termos fisiológicos quando investimos em estratégias, técnicas e atividades que facilitam a recuperação. Podemos citar alguns exemplos de métodos de relaxamento:
- Exercícios respiratórios, meditação e mindfulness.
- Arte e cultura, ex. Musica e ler.
- Artesanato, costura ou culinária.
- Atividade física moderada como por exemplo o yoga ou alongamentos.
- Passear na natureza, pescar etc.
- Família, amigos, humor.
4 – Apoio Familiar e Comunitário aos Idosos.
4.1 – Bem-Estar Mental
Wagner de Lara Machado e Denise Rushel Bandeira “Bem-estar psicológico: definição, avaliação e principais correlatos” referem que o Bem-estar Psicológico é um construto baseado na teoria psicológica relacionado com o funcionamento psicológico positivo ou ótimo. Diversos estudos demonstraram a sua convergência relativamente a indicadores tais como:
- Bem-estar.
- Qualidade de vida.
- Marcadores biológicos de saúde.
- Processos desenvolvimentais adaptativos.
- Construtos que refletem dimensões positivas da saúde mental.

As dimensões do Bem-estar psicológico apresentam um paralelismo com o construto Ikigai. Tudo indica que muitos de nós deixaram de seguir Ikigai, ou seja, deixaram de ter uma verdadeira motivação para viver e participar no Jogo Infinito da Vida e podemos constatá-lo pela diminuição geral do Bem-estar Psicológico dos professores, alunos e todos em geral.
Na prática as Zonas Azuis (ZA) definem-se como áreas geográficas limitadas e homogéneas onde a população partilha o mesmo estilo de vida e ambiente e a sua longevidade provou-se ser excecionalmente elevada.
A questão coloca-se nos seguintes termos, de que forma as lições obtidas a partir das ZA podem ser implementadas de forma a melhorar um envelhecimento saudável nas nossas sociedades pós-industriais. Esta preocupação levou Dan Buettner a iniciar o Projeto Comunidade Zona Azul cujo objetivo pretende criar um programa a nível comunitário que envolva as escolas, negócios, famílias e governos na melhoria da saúde e bem-estar das populações. A iniciativa Projeto Zonas Azuis evoluiu para Comunidades Zona Azul enquanto abordagem sistémica que permite aos cidadãos, escolas, empregados, restaurantes, mercearias e lideres comunitários trabalhar colaborativamente em políticas e programas que tenham o maior impacto e conduzam a comunidade no sentido de uma saúde e bem-estar ótimos.
5 – Consumo de Alimentos Produzidos Localmente.
Cada vez mais encontramos investigação que estabelece uma relação hipotética entre dieta, saúde física e saúde mental.
Uma mensagem promissora para a saúde pública e ambientes clínicos está a emergir da pesquisa em andamento. Esta mensagem apoia a ideia de que o desenvolvimento de medidas que promovam dietas saudáveis e nutritivas (ao mesmo tempo que diminuem o consumo de alimentos “lixo” altamente processados e refinados) proporcionando benefícios que vão além dos efeitos bem conhecidos na saúde física, incluindo a melhoria do bem-estar psicológico.

Shanlin Ke e colaboradores na sua investigação encontraram alterações nos microbiomas intestinais em muitas doenças mentais, incluindo transtorno do espectro do autismo, ansiedade, depressão e esquizofrenia. Os autores descobriram que fatores específicos relacionados à emoção estavam ligados à diversidade do microbioma, bem como a certas espécies e vias metabólicas. Essas descobertas oferecem evidências iniciais que sugerem que as emoções e as estratégias de regulação emocional estão relacionadas ao microbioma intestinal.
O eixo intestino-cérebro (GBA – gut-brain axis) consiste na comunicação bidirecional entre o sistema nervoso central e o sistema nervoso entérico, ligando os centros emocionais e cognitivos do cérebro às funções intestinais periféricas. Na prática clínica, as evidências destas interações do GBA com o microbiota vem da associação da disbiose com distúrbios do sistema nervoso central (ou seja, autismo, comportamentos depressivos e ansiosos) e distúrbios gastrointestinais funcionais. Em particular, a síndrome do intestino irritável pode ser considerado um exemplo da rotura destas relações complexas, e uma melhor compreensão destas alterações pode fornecer novas terapias direcionadas.
No seu conjunto os estudos sugerem que várias espécies de micróbios intestinais ou funções podem constituir mecanismos chave através dos quais os fatores relacionados com as emoções contribuem para determinados resultados a nível da Saúde Física.
Uma microbiota anormal associada a uma barreira intestinal rompida e à ativação do sistema imunológico da mucosa leva à libertação de mediadores inflamatórios e outras moléculas neuroativas na circulação sistémica, que atingem o cérebro e provocam alterações na cognição e no comportamento. Alternativamente, estímulos centrais, como o stresse, podem perturbar a imunidade da mucosa, a microbiota intestinal e a função da barreira intestinal e levar à disfunção intestinal.

Nota: natureza bidirecional das relações entre o intestino e o microbiota.
Sarah J. Spencer e colaboradores no artigo intitulado Food for thought: how nutrition impacts cognition and emotion, afirmam que as disfunções cognitivas e emocionais são um fardo cada vez mais pesado na nossa sociedade. Os fatores exatos e os mecanismos subjacentes que precipitam estas perturbações ainda não foram elucidados. Para além da nossa constituição genética, a interação entre desafios ambientais específicos que ocorrem durante períodos de desenvolvimento bem definidos parece desempenhar um papel importante. Curiosamente, estas disfunções cerebrais coexistem mais frequentemente com perturbações metabólicas (por exemplo, obesidade) e/ou maus hábitos alimentares; a obesidade e os maus hábitos alimentares podem levar à obesidade e a má alimentação podem ter implicações negativas para a saúde, incluindo disfunções cognitivas e do humor, o que sugere uma forte interação entre estes elementos.
A obesidade é um fenómeno global, com cerca de 38% dos adultos e 18% das crianças e adolescentes em todo o mundo classificados como tendo excesso de peso ou obesidade. Mesmo na ausência de obesidade, a má alimentação é comum, sendo que, por exemplo, muitos consomem alimentos altamente processados e com falta de polifenóis e anti-oxidantes importantes ou que contêm níveis muito abaixo dos recomendados de ácidos gordos polinsaturados ómega 3 (AGPI). Nesta revisão os autores discutem a extensão e os mecanismos da influência da dieta no humor e na cognição durante as diferentes fases da vida, com enfoque na ativação microglial, nos glucocorticóides e nos endocanabinóides (eCBs).
Os autores destacam os últimos avanços sobre a forma como os alimentos e os padrões de consumo em diferentes momentos do desenvolvimento afetam o cérebro e as manifestações comportamentais que podem resultar da ingestão de alimentos. Por exemplo, a sobrealimentação no início da vida pode sensibilizar permanentemente a resposta neuroinflamatória do cérebro a estímulos desafiantes, resultando em disfunções cognitivas e imunitárias ao longo da vida. O ES (Early Life Stresse – Stresse no início da vida) altera a função cerebral, através de fatores metabólicos e nutricionais, aumentando a vulnerabilidade ao desenvolvimento de perturbações emocionais e cognitivas. O consumo a longo e a curto prazo de alimentos ricos em gorduras saturadas durante a idade adulta produz um fenótipo inflamatório sensibilizado, através de um aumento dos glucocorticóides, no hipocampo, conduzindo a vulnerabilidades de aprendizagem e memória. O desequilíbrio entre os AGPI ómega 3 e ómega 6 contribui para as perturbações do desenvolvimento neurológico, alterando a ativação microglial, o que resulta numa formação anormal das redes e da atividade neuronais. Por último, o consumo de frutos e legumes ricos em polifenólicos pode prevenir e inverter os défices cognitivos relacionados com a idade, diminuindo o stresse oxidativo e a inflamação. Coletivamente, estes dados mostram que a atenção à composição da dieta é importante para um impacto duradouro para além do metabólico e realçam a probabilidade promissora de podermos melhorar a nossa cognição ao longo da vida e no período de envelhecimento com intervenções dietéticas simples.
Maurizio Muscaritoli no artigo The Impact of Nutrients on Mental Health and Well-Being: Insights From the Literature, refere que um bom estado nutricional é importante para manter o funcionamento normal do organismo e prevenir ou atenuar as disfunções induzidas por fatores internos ou externos. As deficiências nutricionais resultam muitas vezes numa função prejudicada e, pelo contrário, a ingestão de níveis recomendados pode retomar ou melhorar ainda mais as funções corporais. Um número crescente de estudos está a revelar que a dieta e a nutrição são fundamentais não só para a fisiologia e a composição corporal, mas também têm efeitos significativos no humor e no bem-estar mental. Em particular, os hábitos alimentares ocidentais têm sido objeto de vários estudos de investigação centrados na relação entre a nutrição e a saúde mental. Esta revisão resume os conhecimentos atuais sobre a relação entre a ingestão de micro e macronutrientes específicos, incluindo o ácido eicosapentaenóico, o ácido docosahexaenóico, o alfa-tocoferol, o magnésio e o ácido fólico, e a saúde mental, com especial referência ao seu efeito benéfico no stresse, nas perturbações do sono, na ansiedade, no défice cognitivo ligeiro, bem como nas perturbações neuropsiquiátricas, que afetam significativamente a qualidade de vida de um número crescente de pessoas. Os dados globais apoiam um papel positivo dos nutrientes acima mencionados na preservação da função cerebral normal e do bem-estar mental, também através do controlo da neuro-inflamação, e encorajam a sua integração num regime alimentar equilibrado e variado, acompanhado de um estilo de vida saudável. Esta estratégia é de particular importância quando se considera o envelhecimento humano global e que o cérebro sofre significativamente o impacto dos fatores de stresse ao longo da vida.
A saúde mental é uma componente integral e essencial da saúde humana, e um estilo de vida pouco saudável pode estar associado a uma saúde mental deficiente. As descobertas científicas encorajam a integração de micro e macronutrientes num regime alimentar equilibrado e variado, acompanhado de um estilo de vida saudável, para preservar o funcionamento normal do cérebro e o bem-estar.
Esta estratégia é de particular importância quando se considera o envelhecimento humano global e que o cérebro sofre significativamente o impacto dos fatores de stresse ao longo da vida.
Jerome Sarris e colaboradores utilizam um título extremamente sugestivo Nutritional medicine as mainstream in psychiatry, referem que embora os determinantes da saúde mental sejam complexos, as provas emergentes e convincentes de que a nutrição é um fator crucial na elevada prevalência e incidência das perturbações mentais sugerem que a alimentação é tão importante para a psiquiatria como para a cardiologia, endocrinologia e gastroenterologia. As provas da relação entre a qualidade da alimentação (e as potenciais deficiências nutricionais) e a saúde mental, bem como da utilização seletiva de suplementos à base de nutrientes para tratar as deficiências, ou como monoterapias ou terapias de reforço, estão a aumentar constantemente. Os autores apresentam um ponto de vista de uma colaboração internacional de académicos (membros da International Society for Nutritional Psychiatry Research), no qual fornecem um contexto e uma visão geral das provas atuais neste campo emergente de investigação e discutem a direção futura. Defendem o reconhecimento da dieta e da nutrição como determinantes centrais da saúde física e mental.
Os autores mencionam vários indicadores que sugerem que o peso da doença atribuível às perturbações mentais continuará a aumentar a nível mundial durante as próximas décadas. Referem a rápida urbanização e a transição geral dos estilos de vida tradicionais (no que diz respeito à alimentação, à atividade física e às estruturas sociais), como algumas das questões globais e ambientais mais prementes do nosso tempo que têm sido associadas ao aumento da depressão e de outras perturbações mentais. Indiscutivelmente, a depressão e outras perturbações mentais comuns já fazem parte, e provavelmente farão cada vez mais, de uma epidemia de comorbilidade entre doenças físicas e mentais, sendo o regime alimentar uma determinante comum crucial.
A alimentação e a nutrição constituem objetivos modificáveis essenciais para a prevenção das perturbações mentais, desempenhando um papel fundamental na promoção da saúde mental. Chegou o momento de reconhecer a importância da nutrição e da suplementação de nutrientes na psiquiatria. A Medicina Nutricional deve agora ser considerada como um elemento principal da prática psiquiátrica, com a investigação, a educação, a política e a promoção da saúde a apoiar este novo enquadramento.
Recomendo a leitura complementar de dois livros:
Michael Tellinger, Ubuntu Contributionism, a Blueprint for Human Prosperity. Zulu Planet Publishers.
Vandana Shiva, Really Who Feeds the Worls – The failure of agribusiness and the promise of agroecology.
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