Aprendizagens Essenciais e as 4 Subáreas de AFD

É opinião nossa que a expressão EF é atualmente uma expressão limitadora, estática e não válida. (…) porque todo o saber científico é precedido de um saber não científico, uma pré-ciência, constituída por opiniões, ideologias teóricas, obstáculos epistemológicos, torna-se-nos evidente que a EF é a pré-ciência da Ciência da Motricidade Humana (Cinantropologia). (…) Paradigma Emergente, ou Holístico, colocou novas questões à EF, gerou a crise, no seio mesmo da Ciência Normal. E estar em crise, é anunciar o novo e simultaneamente, denunciar o conservadorismo, o dogmatismo da ciência normal. (…) O Homem é um ser itinerante e práxico a caminho da Transcendência. (…) O licenciado (ou mestre, ou doutor) em Motricidade Humana é assim o agente do ensino, ou o investigador, ou o técnico que, no exercício da sua profissão, procura a libertação dos corpos, rumo à Transcendência, rumo ao possível.
Manuel Sérgio

Questões fundamentais:

  1. Como criamos uma EF dinâmica, libertadora e válida?
  2. Como evoluímos da pré-ciência ou ciência normal (conservadora, dogmática, em crise), para uma práxis pedagógica alicerçada na Ciência da Motricidade Humana?
  3. Como evoluímos do Paradigma Newtoniano Cartesiano para o Paradigma Holístico?
  4. No papel de agente de ensino, no exercício da minha profissão, como posso contribuir para a libertação dos corpos rumo à Transcendência?

Proposta:

Helen Timperley, Linda kaser e Judy Helbert no seu artigo A framework for transforming learning in schools: Innovation and the spiral of inquiry, que traduzido significa, um quadro de referências para transformar a aprendizagem nas escolas: inovação e a espiral de investigação, referem que os sistemas educativos, concebidos no século passado, já não satisfazem as necessidades dos nossos alunos ou das nossas sociedades. Sabemos que as escolas devem ser transformadas para envolver os jovens de hoje. Precisamos de uma mudança radical nos contextos de aprendizagem para os jovens. Aceitar este ponto de vista é relativamente fácil. As questões mais complicadas envolvem saber como será essa transformação e como a podemos alcançar.

Num sistema de aprendizagem verdadeiramente transformador, a tónica é colocada na elevada qualidade e na elevada equidade para todos os alunos, independentemente do seu ponto de partida. Nas escolas transformadas, todos os alunos atravessarão o palco com dignidade, objetivo e opções. Além disso, os alunos sairão das nossas escolas, e outros contextos de aprendizagem, mais curiosos, o que não acontece atualmente. As suas experiências terão criado uma paixão pela aprendizagem e uma curiosidade que durará toda a vida. Finalmente, as nossas escolas desenvolverão cidadãos ativos e empenhados que demonstram um forte sentido de responsabilidade pessoal e social. Dignidade, objetivo, opções, curiosidade, responsabilidade e consciência social plena para cada jovem – para nós, estas são as características de uma escola transformada.

O nosso argumento central é que a inovação flutua num mar de investigação e que a curiosidade é o motor da mudança. Criar as condições nas escolas e ambientes de aprendizagem onde a curiosidade seja encorajada, desenvolvida e sustentada é essencial para abrir o pensamento, mudar práticas e criar abordagens muito mais inovadoras à aprendizagem e ao ensino.

O documento Diretrizes em Educação Física de Qualidade Para Gestores e Políticas publicado pela UNESCO faz algumas afirmações que entendo extremamente importantes e pertinentes nesta atual discussão sobre a Educação Física e levanta alguns pressupostos que devem ser sublinhados e sobretudo tidos em consideração no atual debate:

Flexibilidade do Programa Escolar:

Para maximizar a contribuição da EF para o desenvolvimento de hábitos positivos ao longo da vida, os currículos devem ser flexíveis e abertos à adaptação, para que os professores sejam empoderados a adequar a oferta para atender às diversas necessidades dos jovens com os quais estão a trabalhar. Isso deve ser feito por meio de consultas aos jovens para garantir que os seus interesses e necessidades sejam refletidos, bem como para fortalecer o envolvimento cívico mais amplo por meio da atividade física.

Tornar significativos os currículos de EF para crianças e jovens do século XXI:

Teorias inovadoras de aprendizagem e novas perceções da disciplina devem ser consideradas, avaliadas e implementadas (Comissão Europeia, 2008). Dada a ampla gama de resultados, educativos e outros, frequentemente reivindicados para a EF, argumenta-se que os Programas Tradicionais de EF (AEEF) adotam uma abordagem “Um tamanho serve para todos” e, ao fazê-lo, não são capazes de atingir qualquer um destes resultados.

Palavras Chave:

  • Desenvolver hábitos positivos ao longo da vida.
  • Currículos flexíveis e abertos à adaptação.
  • Empoderar os professores.
  • Adequar a oferta em função das necessidades dos jovens.
  • Consultar os jovens.
  • Teorias inovadoras de aprendizagem.
  • Novas perceções da disciplina.
  • Limitação dos Programas Tradicionais que não respondem ás necessidades dos jovens e dos objetivos da EF: “Um tamanho serve para todos”.

O Novo Modelo de EF  pode ser desenhado e concebido tendo em consideração:

  • Desafios do Século XXI.
  • Quatro grandes Finalidades da EF.
  • Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.
  • Perspetiva do destinatário – Ciência do Indivíduo.
  • Modelo derrogatório de Roberto Carneiro.
  • As quatro subáreas de Atividade Física e Desportiva que consideram as Preferências da população portuguesa quanto a diferentes tipos de atividade física.
  • Participação em atividades físicas ao longo da vida.
  • Entre outros aspetos importantes e fundamentais que dão forma a este projeto.

As 4 Subáreas de Atividades Físicas e Desportivas:

Organização Curricular:

Dawn Penny e Mike Jess no artigo Physical Education and Physical Active Lives: A lifelong approach to curriculum development perguntam: o que é que um estilo de vida ativo envolve exatamente?

Primeiro, se queremos desenvolver propostas que estabeleçam relações realistas entre a Educação Física e as agendas de Atividade Física para a população, precisamos construir uma visão clara sobre o que envolve um tal estilo de vida.

Segundo, precisamos revisitar o tipo de competências, conhecimentos e compreensão necessários que os jovens precisam adquirir para manter estilos de vida ativos.

Qual é o quadro de referências que deve alicerçar o modelo de Atividade Física ao Longo da Vida (AFLV – Longevidade) – A AFLV pode ser conceptualizada como tendo quatro dimensões:

  1. Atividade Física Recreacional (AFR) enquanto lazer, a qual para muitos, é uma atividade com orientação social.
  2. Atividade Física Funcional (AFF) que responde às exigências das tarefas diárias, sejam profissionais ou domésticas.
  3. Atividade Física Relacionada com a Saúde (AFRS) relacionada com a aptidão física, bem-estar e/ou reabilitação.
  4. Atividade Física Relacionada com a Performance (AFRP) a qual também está relacionada com a auto-superação e/ou sucesso nos ambientes exigentes e/ou competitivos (Adversidades).

Estas dimensões envolvem diferentes procuras de atividades, necessidades e interesses em diferentes momentos das nossas vidas – à medida que nos preparamos para, e progredimos através dos vários anos de escolaridade, entramos na vida adulta e vida ativa, passando por diferentes empregos, construindo família, avançamos na idade adulta, envelhecemos e entramos na reforma.

  • EF ao longo da vida (PDF)
  • Dawn Penny e Mike Jess (PDF)
  • Desmotivação em relação à EF obrigatória (PDF)
  • Roberto Carneiro (PDF)
  • Diretrizes da EF de qualidade (PDF).
  • Programa nacional para a Promoção da AF (PDF)
  • Aprendizagens Essenciais – Proposta (PDF)
  • Um pouco de história da EF (PDF)

Proposta de Organização Curricular:

A Nova proposta de organização curricular tem em consideração as preferências da população portuguesa relativamente ao tipo de atividades físicas e desportivas que escolhem nas várias fases do seu ciclo de vida.

Podemos também construir um novo Quadro de Extensão da Educação Física, seguindo o mesmo raciocínio dos atuais Programas de EF, com as propostas de atividades físicas as quais serão escolhidas pelos Professores de EF nas suas escolas. A diferença é significativa na medida que a Educação Física deixa de estar totalmente vinculada à Literacia Desportiva e passa a explorar a Literacia Física numa perspetiva verdadeiramente eclética.

A essência do ecletismo está na liberdade de escolher e conciliar o pensamento de diversas correntes filosóficas, psicológicas e pedagógicas, opondo-se a todo e qualquer dogmatismo e ou radicalismo. A finalidade do ecletismo é atingir a verdade e harmonizar teorias que são aparentemente opostas, pretendendo formar um todo (Holístico), buscando a coerência dos elementos escolhidos em diversos sistemas, escolhendo de cada um, a parte que parece mais próxima da verdade.