12 fortes motivos para aplicar o PT na aula de Educação Física!


O PT e a Ciência do Indivíduo:


Hat-baseball-red-iconTodd Rose, numa excelente apresentação no TED Talk retratou de forma exemplar o problema da nossa escola no geral e o qual pode ser analisado no caso da educação física em particular. Barry Schwartz afirmou que, se a tecnologia não funciona ou não serve o seu propósito, desaparece porque ninguém a quer comprar. Porém, as ideias e sobretudo as falsas ideias sobre os seres humanos  (Tecnologia das Ideias) prevalecem a partir do momento que as pessoas acreditam que são verdadeiras. Quando isso acontece, elas criam hábitos de vida e Instituições consistentes com essas falsas ideias. (…) A estrutura das instituições na qual as pessoas trabalham, como é o caso da Escola (Educação Física em particular), criam pessoas que são aptas às exigências e objetivos dessas mesmas instituição privando-as (professores de Educação Física e alunos), da oportunidade de sentir satisfação pelo seu trabalho (professores de EF) e gosto pela aprendizagem e pelas atividades físicas e jogos desportivos (alunos), algo que nós consideramos normal. (…) Nós moldamos a natureza humana moldando as instituições nas quais as pessoas vivem e trabalham. (…) nós devemos-nos questionar (…) que tipo de natureza humana queremos ajudar a moldar?

Esta pergunta é muito importante porque continuamos a organizar os ambientes de aprendizagem na aula de Educação Física em função de um mito, o mito do aluno médio. Vejamos o que diz Todd Rose:

“Nós ainda projetamos os nossos ambientes de aprendizagem, como os nossos livros didáticos de Educação Física, os estilos de ensino, sobretudo centrados no professor, e a avaliação para o aluno médio. Nós designamos esta estratégia de “adequada à idade” e achamos que é suficientemente boa para os alunos, mas não é!” Todd Rose passa a falar sobre as diferentes dimensões da aprendizagem dos nossos alunos. Podemos aplicar essa reflexão ao perfil de alunos numa aula de Educação Física. Os alunos manifestam diferentes domínios em diferentes dimensões do seu perfil cognitivo e do desempenho motor:

ESTUDANTE-MÉDIOOs alunos  comportam-se, aprendem e desenvolvem-se de formas muito distintas, mostrando padrões de variabilidade que não são capturados pelos modelos que se baseiam nas médias estatísticas (“Mito do Professor Eficaz”). Desta forma, qualquer tentativa significativa que procure desenvolver a ciência da individuo começa necessariamente por ter em consideração a variabilidade individual que é pervasiva em todos os aspetos do comportamento e em todos os níveis de análise. A ciência do grupo é um pobre substituto para uma verdadeira ciência do individual. Os modelos tradicionais assumem com frequência que as conclusões acerca da população (Guiões), se podem, automaticamente, aplicar a todos os indivíduos. Este pressuposto é simples, compreensível e necessário para justificar o uso das médias para se compreender os indivíduos. PORÉM TAMBÉM É ERRADO (L. Todd Rose, 2013)!… Ao longo das últimas duas décadas, uma acumulação significativa e substancial de evidências tem vindo a mostrar a dificuldade em se inferir o que quer que seja acerca dos indivíduos a partir de conclusões tiradas com base numa população ou amostra. Molenaar (2004) argumenta que tais inferências só são possíveis em condições muito estritas designadas por pressupostos ergódico que nunca se adequam para os indivíduos. Para além disso, as evidências são crescentes e vão no sentido de provar que, com maior frequência, do que e pode supor, as conclusões tiradas com base em amostras, representam na melhor das hipóteses, um pequeno conjunto de indivíduo. No pior dos casos, são artifícios estatísticos que não representam ninguém. Este é um MUITO FORTE ARGUMENTO para que a Educação Física abandone a PEDAGOGIA da MÉDIA e o “Mito do Professor Eficaz”, que visa ensinar a muitos como se fossem um só, e comece a PERSONALIZAR os seus serviços.

preconceito da média


Má Conceção do Modelo!…


pilotosTodd Rose recorda que em 1952 a Força Aérea detetou uma diminuição na performance dos pilotos de caça. “Eles tinham bons pilotos que pilotavam excelentes aviões porém, os resultados estavam-se a deteriorar e não sabiam o porquê.” O cockpit fora projetado para o “piloto de tamanho médio“. O pressuposto era o seguinte:  se projetarmos uma cabine de pilotagem para um piloto de estatura média, esta acomodaria a maioria deles.   Porém,  Gilbert Daniels provou que essa conjetura estava errada e constatou que nenhum dof16_cockpits 4.000 pilotos analisados apresentavam dados antropométricos que se situavam na “média estatística” em todas as 10 dimensões de tamanho (Ninguém é igual em todas as 10 dimensões). Provou que não existia um “piloto médio” (“perfil de tamanho irregular” – Recortado – elevada variabilidade nas suas dimensões antropométricas). Assim, a Força Aérea tomou uma atitude ousada e “baniu a média“.

De seguida Todd Rose faz uma comparação ousada, mas extremamente correta, com as nossas salas de aula, afirmando que estas são o cokpit dos futuros gestores da nossa sociedade. E tal como na força aérea “existe um problema”. Investimos imenso dinheiro na educação mas estamos a ter os piores resultados!…

Se desenhamos um ambiente de aprendizagem para a média, fazemo-lo para ninguém! Todd Rose


Treino Personalizado e o Cockpit ajustável do aluno na aula de Educação Física:

Operacionalizar o PT na aula de EF – Documento em PDF

materiais didáticos para as aulas: PDF


12 Fortes Argumentos.

operacionalizar o PT na aula de educacao fisica


1.CIÊNCIA DO INDIVÍDUO:

Os alunos  comportam-se, aprendem e desenvolvem-se de formas muito distintas, mostrando padrões de variabilidade que não são capturados pelos modelos que se baseiam nas médias estatísticas (“Mito do Professor Eficaz”).

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  • Todd Rose, Parisa Rouhani and Kurt W. Fisher (2013), “The Science of the Individual“; Mind, Brain and Education: PDF

2. MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA:

Segundo a teoria da autodeterminação, os alunos precisam de satisfazer 3 necessidades psicológicas básicas segundo Deci e Ryan, de competência (o aluno necessita de se sentir útil e eficiente e alcançar os seus objetivos) | de autonomia (precisa de escolher e realizar com autonomia as atividades que gosta) | envolver-se me relacionamentos positivos, sentir-se ligado e compreendido pelos outros. Quando no sentimos realizados produzimos mais oxitocina e esta molécula está associada à confiança nos outros.

  • Paul J. Zak et al. (2005), “Oxytocin is associated with human Trustworthiness“; Science Direct. PDF.
  • Michael Kosfeld et. al (2005), “Oxytocin increases trust in humans”; Vol. 435, June 2005; 10.1038 nature03701: PDF

3. SCARF:

O modelo SCARF, fundamenta-se nas neuro-ciências que provaram que existe um princípio organizador do cérebro o qual se ajusta em função de uma resposta de aproximação ou afastamento. O modelo tradicional de relação pedagógica, expositivo, discursivo, centrado na transmissão do saber do professor para os alunos, que privilegia a obediência e a uniformidade, promove fundamentalmente um maior afastamento dos alunos em vez do gosto, motivação, envolvimento, colaboração e aproximação. Os alunos não têm autonomia, são avaliados segundo um modelo que é segregador e injusto, são confrontados com tarefas que criam neles o medo de errar e de ser julgado, porque não respeita os ritmos de aprendizagem e sobretudo o seu perfil variável. O PT permite essa aproximação e envolvimento. O modelo envolve cinco domínios da experiência social humana. O modelo de organização da aula de EF baseado no PT ativa os mecanismos de resposta comportamental de aproximação:

  • Estatuto – o aluno sente-se valorizado porque personaliza a atividade física em função da sua motivação, do seu ritmo pessoal, dos seus objetivos individuais, e de uma adequação dos princípios do treino ao perfil do aluno. Obviamente que se priveligia a “playformance” em vez da “performance”.

  • Segurança – o aluno evolui ao seu ritmo e é responsável pelo processo podendo, sempre que o desejar, procurar ajuda do professor tutor.
  • Autonomia – o aprendente de organiza o seu próprio estudo|projeto, procurando fontes de informação e conhecimento, e construindo um saber ligado aos seus próprios objetivos. Privilegia-se a independência do aluno em relação ao professor. Há uma liberdade na escolha dos caminhos e alvos da sua formação corporal, o que significa, também, uma responsabilidade maior por parte do aprendiz.
  • Pertença (filiação) – privilegia-se a unidade na diversidade na medida em que todos os alunos terão que adquirir competências, no entanto seguem caminhos divergentes adequados à sua realidade pessoal, assegurando o direito à diferença, e o respeito pelas personalidade e pelos projeto individual do aluno.
  • Justiça (equidade) – a metodologia PT promove o desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, respeitador dos alunos e das suas ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, formando alunos capazes de julgarem com espírito crítico e criativo o meio social-aula em que se integram e de se empenharem na sua transformação progressiva. A avaliação é personalizada e específica.


  • David Rock (2008); “SCARF: a brain-based model for collaboration with and influencing others”; NeuroLeadership Journal, Issue 1; pp. 1-9. PDF
  • David Rock (2009); “managing with the brain in Mind”; Oxford leadership Journal; december 2009; Vol. 1; Issue 1; pp. 1-10. PDF
  • David Rock (2012); “ SCARF: in 2012: updating the social neuroscience of collaborating with others”; Neuroleadership ournal; Issue 4; pp. 1-14. PDF

Metodologia da Educação Física baseada no modelo SCARF

  • Descarregue o manual gratuitamente: PDF
  • Descarregue os slides power point em PDF

4. EF HEURÍSTICA:

A Educação Física recorre fundamentalmente a fatores de motivação condicionais:se fizerem isto, então obtens aquilo!” que funcionam nas tarefas algorítmicas, mas para as tarefas heurísticas, não funcionam ou, na maior parte das vezes, são prejudiciais. Este é uma das descobertas mais sólidas nas ciências sociais e também uma das mais ignoradas. O PT Propõe que os professores de educação física devam orientar a sua abordagem centrada no aluno em vez das matérias, colocando  as aprendizagem no coração do ensino. O PT permite que as opções curriculares  reflitam os interesses e personalidades dos estudantes, a cultura da escola e os recursos da comunidade.

EDUCAÇÃO FÍSICA HEURISTICA


5. DIVERTIMENTO E JOGO:

Segundo Peter Gray, o foco no controlo interno, subjacente à noção e orientação para a autonomia dos alunos, cria um aumento da auto-estima e confiança em si, aumento do sentido de segurança e empatia. As crianças e jovens têm que se envolver nas atividades físicas e jogos com prazer e gosto intrínseco, sentir alegria, prazer e satisfação.
declínio do brincar e a patologia

  • Peter Gray (2011); “The Decline of Play and the Rise of Psychopathology in Children and Adolescents”; American Journal of Play; Vol. 3, number 4; pp. 443-463: PDF

6. AUTO-REGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM:

A abordagem predominantemente algorítmica da EF está na base de 5 motivos de insatisfação que promovem um reduzido sucesso na realização das habilidades técnicas, não dá espaço para os alunos criticarem a prática do jogo, apresenta-se rígido, privilegia a heteronomia e não garante o conhecimento acerca do jogo. O PT privilegia a aprendizagem auto-regulada pelo estudante e um envolvimento pró-ativo. Os alunos são ensinados a compreender e utilizar os recursos pessoais que lhes permitem refletir sobre as suas ações, exercer um maior controlo sobre os seus próprios processos de aprendizagem, processos cognitivos, metacognitivos e motivacionais e reforçam as suas competências para aprender, e são conducentes à aquisição, organização e transformação da informação e conseguem conferir um significado pessoal ao ato de aprender.

  • Nasser Yasser AL-rawahi (2015); “Journal of Physical Education and port management self-regulated learning processs utilized by Omani Physical Education candidates in mastering sport skills”; Journal of Physical Education and Sport management; Vol. 6(3); pp. : PDF
  • Sharon Zumbrunn et all. (2011); “Encouraging Self-regulated learning in the Classroom: A review of the Literature”: PDF

7. PERFORMANCE ACADÉMICA:

As neurociências demonstraram que quanto melhor for a forma física de um aluno, tanto melhor é a sua performance académica. Porém, para que a aula de EF tenha um impacto significativo no desenvolvimento da aptidão física tem que ser prescrito de forma personalizada para que cada aluno realize o seu exercício físico dentro da sua zona alvo. Este princípio é mais difícil de concretizar quando se trabalha para o “aluno médio” recorrendo ao modelo tradicional de ensino.

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  • Gregory J. Welk, Allen W. Jackson, James R. Morrow, William H. Haskell, marilu D. Meredith and Kenneth H. Cooper (2010); “The Association of Health-related Fitness with indicators of Academic performance in texas Schools”; Research Quaterly for Exercise and Sport; vol. 81; Supplement n.º 3; pp. S16-S23: PDF

Por outro lado, não se tem dada a devida importância aos estados hipometabólicos (Mindfullness; Relaxamento Muscular progressivo; etc…), que, de forma comprovada, promovem um impacto na saúde tão ou mais elevado que os estados fisiológicos de elevação metabólica associados ao Modelo Tradicional de Prescrição do Exercício Físico (MTPEF).

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8. TUTORIA:

Os estudos que procuram determinar qual a metodologia que promove melhores resultados escolares, comprovam que a tutoria (1*1) é muito mais eficaz que o modelo por maestria (na qual o professor lecciona numa relação de 1/30, garantindo  90% no domínio das competências motoras antes de transitar para uma nova matéria), e  que o modelo tradicional baseado no “mito da média” em que o professor progride nos conteúdos independentemente se os alunos aprenderam ou não.

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  • Benjamin S. Bloom (1984); “The 2 Sigma Problem: The Search for methods of Group Instruction as Effective as One-to-One Tutoring”; Educational researcher; Vol. 13; Nº 6; jun-jul 1984; pp. 4-16: PDF

9. MULTINTELIGÊNCIAS:

A metodologia do PT valoriza sobretudo, mas não só, as competências ditas suaves tais como a “Inteligência Social“, a “Inteligência Emocional” e a “Inteligência Corporal Cinestésica“. Neste modelo deixa de fazer sentido a divisão, no programa, em matérias nucleares e alternativas, priveligiando as primeiras em detrimento das segundas, porque quem as seleciona são os alunos em função da sua motivação pessoal e dos objetivos que estabelecem para si próprios.

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  • Rollin McCraty (2001); “Science of the heart – Exploring the Role of the heart in Human Performance”; Heartmath research Centre. PDF

10. TAXA DE RETENÇÃO:

O PT permite uma taxa de retenção muito mais elevada que o modelo tradicional centrado no professor porque os alunos trabalham fundamentalmente em colaboração (70% retenção) e na execução autónoma dos seus PTs. A discussão em grupo (taxa de retenção 50%), a realização pela prática (75% de retenção) e o processo de ensinar outros (90% de retenção).metodos ensino ativo


11. VALORES:

O PT recorre fundamentalmente aos estilos de ensino além da barreira da descoberta que solicitam a descoberta, criatividade, autonomia e a procura de soluções para os problemas de forma divergente. Todos os canais de desenvolvimento humano (CDH), físico, social, emocional, cognitivo e moral, apresentam níveis de solicitação máximo no modelo PT. O facto dos CDH serem muito solicitados significa o quanto o aluno se torna independente do professor em tomar decisões nas várias áreas citadas. Ou seja, o aluno terá que ser totalmente autónomo, no final do ciclo de estudos, a nível físico (prescrição), a nível das relações interpessoais, a nível do conhecimento obre as suas emoções e da sua regulação, a nível da compreensão dos processos de prescrição do exercício físico que lhe permitam fazê-lo depois de sair da escola.

estilos de ensino organograma

Priveligia-se o perfil de desenvolvimento moral (valores) segundo a “orientação para o contrato social” (Estágio 5 de Kholberg) e os “Princípios Universais de Consciência” (Estágio 6).

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  • Juliana C. B. de Carvalho, Sandra F. C. de Almeida (2011); “Desenvolvimento moral no ensino médio: Concepções de professores e autonomia dos alunos“; PDF.

12. PERFIL DO ALUNO:

O PT é um modelo de intervenção na aula de EF que procura desenvolver as capacidades fundamentais para o século XXI:

      • Criatividade;
      • Inovação;
      • Pensamento crítico;
      • Resolução de problemas;
      • Tomada de decisões;
      • Comunicação;
      • Colaboração;
      • Investigação;
      • Questionamento;
      • Flexibilidade e adaptabilidade;
      • Iniciativa e autonomia.

O Impacto do Wellness: Promover o Sucesso Académico através duma Escola Saudável.

  • Lilly Bouie, Jim Bogden et all (2013); “The Wellness Impact: Enhancing Academic Success through Healthy School Environments”; GenyouthFoundation: PDF
  • Perspetiva Holistica: Mente-corpo: Roger Jahnke (2007); “A Conspiracy of Miracles: Qi, Spirit-Mind-Body, and the Transformation of healthcare”; Explore; january/february 2007; Vol. 3; nº 1; pp. 47-54: PDF