Competências Sociais e Emocionais
Ciência do Coração
O autoconhecimento é a chave para a autoestima e autoconfiança.
Vivemos numa sociedade que não nos ensina a ser pessoas emocionalmente inteligentes.
RULER
Mood Meter
A ferramenta RULER© fundamenta-se na teoria da Inteligência Emocional a qual sugere que a capacidade para processar informação emocional pode potenciar as atividades cognitivas (ex: pensamento, tomada de decisões e memória), promove o bem-estar e facilita o funcionamento social coerente (Mayer & Salovey 1997).
A Teoria da Mudança RULER© propõe que um clima socio-emocional positivo na sala de aula é fundamental para um processo de ensino-aprendizagem positivo. O suporte teórico para esta afirmação apresenta 2 argumentos:
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Um clima sócio-emocional positivo na sala de aula nutre as necessidades sociais básicas dos alunos. Quando elas são satisfeitas, eles mostram-se mais motivados para aprender e mais seguros para aceitar tarefas académicas e motoras mais desafiantes. Os alunos tornam-se mais recetivos às instruções e expetativas dos professores, o que por sua vez, potencia o ambiente e organização favorável da aula.
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Os professores, tal como os seus alunos, precisam de se sentir apoiados e competentes na sala de aula para estarem motivados, envolverem-se, e manifestarem um bom desempenho. A qualidade da relação com os alunos é uma das prioridades do professor, sendo fonte de alguma angústia quando não é positiva criando insatisfação e stress no professor.
Os Programas de Aprendizagem Emocional e Social (PAES), são concebidos para complementar o currículo de Educação Física (no nosso caso), através do ensino das destrezas emocionais e sociais que contribuem para um melhor ajustamento emocional e social e o maior sucesso académico. O currículo, RULER© – Feeling Words© (Maurer & Brackett, 2004) é um componente de uma abordagem compreensiva da Aprendizagem Emocional e Social (AES), designada por abordagem RULER. O programa ensina as crianças e jovens a:
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Reconhecer emoções em si próprios e nas outras pessoas.
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A compreender as causas e consequências de um vasto leque de emoções.
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A rotular as emoções utilizando um vocabulário sofisticado.
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A exprimir as emoções de forma socialmente apropriada.
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A regular as emoções de forma efetiva (Competências RULER).
Resumindo, a metodologia RULER© reforça o currículo existente e fornece lições concebidas para aumentar os resultados relacionados tanto com as competências académicas (ex: vocabulário, compreensão da leitura, escrita, criatividade e no caso da EF, do vocabulário e expressão motora), como sociais e emocionais (ex: relacionamentos mais saudáveis, melhor tomada de decisões e comportamento pró-social). Normalmente este programa dura o ano escolar e explora uma unidade relativa a uma palavra/sentimento em cada 2 semanas.
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Carolin Hagelskamp et al. 2013. Improving Classroom Quality with the RULER approach to Social and Emotional learning
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Lori Nathanson et al. 2016. Creating Emotionally Intelligent Schools with RULER
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Marc A. Brackett, et al.. Enhancing academic performance and social and emotional competence with the RULER. Feeling words curriculum. 22 (2012) 218–224.
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Marc A. Brackett and Susan E. Rivers 2006. Relating Emotional Abilities to Social Functioning. Journal of Personality and Social Psychology. 2006, Vol. 91, No. 4, 780 –795
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Maria R. Reyes et all. 2012. Classroom Emotional Climate, Student Engagement, and Academic Achievement. Journal of Educational Psychology. 2012, Vol. 104, No. 3, 700 –712
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Rollin McCraty (2001). Science of the heart – Exploring the Role of the heart in Human Performance. Heartmath Research Centre
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Ruth Castillo et al. 2013. Echancing Teacher Effectiveness in Spain: A Pilot Study of the RULER Approach to Social and Emotional Learning
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Zorana Ivcevic & Marc Brackett. 2014. Predicting success: Comparing Conscientiousness, Grit, and Emotion Regulation Ability
Inteligência Emocional
Currículo de Literacia Emocional
UNIDADE 1: Vocabulário Emocional
As aulas dos Programas de Aprendizagem Emocional e Social (PAES), envolvem personagens que vivenciam uma miríade de experiências emocionais que precisam de ser reconhecidas, compreendidas, caracterizadas, exprimidas e reguladas. No caso da disciplina de português recorre-se aos contos, histórias e narrativas, no entanto, no caso da EF podemos utilizar vídeos de situações de jogo ou atividades físicas onde os atores/jogadores manifestam várias dinâmicas emocionais em vários contextos. Estes exemplos servem para demonstrar como as emoções desempenham um papel tão importante e integral nas interações humanas.
Esta unidade inclui um conjunto de passos que seguem uma estrutura básica que converge no sentido de um conjunto específico de objetivos de aprendizagem. As lições estão organizadas para ajudar os professores a diferenciar a instrução e oferece diferentes tipos de atividades de aprendizagem que vão ao encontro dos diferentes estilos de ensino/aprendizagem e necessidades dos estudantes.
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Passo 1 – introdução ao vocabulário emocional: nesta fase os alunos exploram a compreensão mais aprofundada das palavras que exprimem sentimentos. Estas palavras exprimem e caracterizam o vasto leque de emoções inerentes à experiência humana, tais como excitação, vergonha, alienação, compromisso, etc… Cada Unidade explora uma palavra que representa um sentimento e inclui várias aulas ou passos, integrados nos conteúdos de cada aula.
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Passo 2 – desenhos e explicações pessoais: os alunos interpretam um desenho abstrato usando a palavra que evoca um sentimento/emoção.
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Passo 3 – associação académica e com o mundo real: os alunos relacionam a palavra/sentimento com o material académico ou situações que acontecem na sala de aula.
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Passo 4 – associação com a família: os alunos debatem a palavra/sentimento com os outros elementos da família e escrevem um pequeno parágrafo sobre a conversa
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Passo 5 – discussão em sala de aula: a turma debate a palavra/sentimento e a sua relação com a conversa que tiverem no seu ambiente familiar, material académico ou situação da aula.
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Passo 6 – escrita criativa: no caso da EF pode-se recorrer à linguagem corporal expressiva e criativa, com ou sem música, em vez da redação de um curto ensaio usando a palavra/sentimento.
UNIDADE 2: Empatia
Na unidade de empatia, os alunos identificam situações num livro, num vídeo relativo a um jogo ou evento desportivo, ou de uma situação real da aula, onde o personagem manifesta empatia por outro (que envolve o reconhecimento e a caracterização da emoção). Exploram a consequência da empatia e como ela provocou a mudança do comportamento de um personagem, durante o jogo, relativamente ao outro (tratando-o de forma mais gentil, preocupada e amorosa, por exemplo), envolvendo a compreensão das causas e consequências das emoções, bem como as estratégias para exprimir e gerir as emoções.
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Karen Stone, Anabel L. Jensen, Joshua M. Freedman and Marsha C. Rideout. 1998. Self Science - the emotional Intelligence Curriculum. 6 Seconds.
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Lauri Nummenmaa et al. 2013. Bodily Maps of Emotions. PNAS. january 14, 2014. Vol. 111, nº 2. pp. 645-651
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Marvin Maurer and Marc A. Brackett. 2004. Emotional Literacy in the Middle School. A 6-Step Program to Promote social, emotional & Academic Learning. DUDE publishing.
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Peter Salovey et al. 2004. Emotional Intelligence - Key readings on the Mayer and Salovey Model. DUDE Publishings.
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Robert Plutchik. 2005. Emotions and Life - perspectives from psychology, Biology and evolution.American Psychology Association.
Anatomia Emocional?
As emoções são frequentemente sentidas no corpo e o feedack somatosensorial despoleta as experiências emocionais conscientes. Lauri Nummenmaa e os seus colaboradores, no seu estudo dos mapas corporais das emoções, construíram mapas das sensações corporais associadas às diferentes emoções usando um método topográfico único de auto-descrição.
Questões:
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Existe alguma relação entre um pensamento, uma emoção e uma sensação corporal?
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Existirá uma linguagem bioquímica universal das emoções?
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Será que através da qualidade dos nossos pensamentos e emoções podemos influenciar a qualidade dos nossos processos biológicos, promovendo a saúde ou a doença?
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E se o corpo fosse, na verdade, a nossa mente subconsciente! Será isso possível e quais as implicações para a EF?
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Existirá uma Anatomia Emocional?
CIÊNCIA DO CORAÇÃO
A Variabilidade da Frequência Cardíaca espelha uma dança dinâmica entre os dois maiores ramos do sistema nervoso autónomo, o simpático e o parassimpático, cuja função é controlar as funções de virtualmente quase todos os órgãos e sistema fisiológicos do nosso corpo. A VFC (Variabilidade da Frequência Cardíaca) está associada à Coerência Fisiológica. Os padrões de onda do tipo sinusoidal dos ritmos cardíacos, provocam uma alteração no equilíbrio do sistema nervoso autónomo aumentando a atividade parassimpática, refletindo-se num aumento da sincronização coração-cérebro. Os indivíduos podem manter períodos longos de coerência fisiológica através da criação ativa de emoções positivas. Nos estados de coerência psicofisiológica, existe um aumento da sincronização e harmonia entre os sistemas cognitivo, emocional e físico.
Inteligência Social
Cognição Social
De forma simplista, a cognição social é a reflexão sobre a forma como nos relacionamos com as outras pessoas. De facto, a cognição social é extremamente importante no ambiente social do grupo/turma de Educação Física. Os alunos têm que processar a informação social para navegar através das várias dinâmicas e situações sociais propostas pelos vários jogos e atividades físicas durante a aula de EF. Por exemplo, nós habitualmente interpretamos os sinais verbais e não verbais para discernir, tanto as nossas disposições e intenções como as dos outros. Para alguns alunos, a habilidade para ler os outros, ou exprimir adequadamente pensamentos e sentimentos, apresenta-se subdesenvolvida, falível e frequentemente falha em situações de pressão situacional ou temporal. A cognição social, difere de socialização que pode ser vista como uma habilidade que, tal como a leitura, envolve várias funções neurodesenvolvimentais. Alguns alunos podem debater-se com o processo de socialização apesar de possuírem uma boa cognição social. A cognição social é multifacetada e por isso, um aluno pode deparar-se com dificuldades num aspeto deste construto apesar de exibir forças noutros aspetos. Os investigadores demonstraram que um pensamento social limitado, dirigido para as situações e para os outros, bem como para si próprio, conduz a problemas comportamentais.
Inteligência Soial - continuação:
Os ambientes que ignoram as necessidades emocionais e sociais dos jovens comprometem o desenvolvimento. Segundo a Teoria da Auto-Determinação, para que os jovens se desenvolvam adequadamente eles precisam sentir-se ligados aos outros, competentes nas suas habilidades e o seu comportamento ser auto-orientado (autonomia). Escolas que se comprometem em ir ao encontro das necessidades emocionais e sociais das crianças, promovem interações saudáveis entre os alunos e professores através de ambientes calorosos, acolhedores e nutridores que se traduzem em ganhos académicos, bem como na qualidade do bem-estar e relações empáticas.
Componentes da cognição social:
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Compreensão da forma complexa como as emoções funcionam.
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Reconhecimento das emoções em nós e nos outros.
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Compreender a perspetiva das outras pessoas.
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Compreensão interpessoal geral.
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Gerir o início, a taxa, intensidade e duração das interações sociais.
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Compreender o nosso efeito sobre os outros.
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Alexandra Marques Pinto e Raquel Raimundo. Avaliação e Promoção de Competências Socioemocionais em Portugal. Coisas de Ler.
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Bruce K. Alexander. The Globalization of Addiction a study in poverty of the spirit. Oxford University Press.
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Daniel Goleman. Inteligência Social a nova ciência do relacionamento humano. Temas e Debates.
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Elliot Aronson. The Social Animal. Worth Publishers.
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Margarida Gaspar de Matos. Comunicação, Gestão de Conflitos e Saúde na Escola. FMH edições.
Temas da Motricidade Humana
Aprender por Medida e Metodologia de Trabalho por Projetos.
Jogos Cooperativos, Construção de Equipas e Game Designer.
Atividades de contacto e ligação profunda com a natureza.
Aptidão Física e o "Treino" em Circuito personalizado.
Psicomotricidade e o Brincar (Praxias)
Ritmo e Expressão, Educação Somática e Percussão Corporal
Inteligências Múltiplas e as Competências Sócio-Emocionais.
Educação para a Paz e as Atividades Body & Mind (Holopraxias)